Bose, 14 set (RV) – “Séculos de incompreensões falsificaram o conceito de ascese
que na realidade é um modo de integrar corpo, alma e sociedade”: foi o que explicou
John Chryssavgis, docente no Instituto Holy Cross de Boston, falando durante o Encontro
Ecumênico de Espiritualidade Ortodoxa que se realizou nos dias passados no mosteiro
de Bose, norte da Itália, sobre a gula. “Para muitos - prosseguiu Chryssavgis – hoje
o alimento é um inimigo e a luta é conduzida nas academias ou com dietas, não no coração
ou na mente”.
Há também outras formas de gula: “a atividade compulsiva para
preencher o tempo ou o vício de colecionar lembranças para encher o espaço”. Não se
trata “de uma questão privada, de um pecado pessoal mas contra Deus e contra o próximo”.
Não somente significa “comer mais do que o necessário na plena consciência que milhões
de pessoas morrem de fome” mas também “ceder à tentação de buscar modos para satisfazer
as nossas necessidades de afeto e de amor”.
O problema “não é o alimento mas
a avidez poderosa e complexa que se coloca entre a nossa alma e Deus”. Para sermos
felizes, segundo Chryssavgis, “é necessário deixar de lado tudo aquilo do qual dependemos
e que aparentemente necessitamos”. “A luta espiritual – concluiu – é, acima de tudo,
aprender a escolher”. (SP)