Grandes contradições no papel das religiões para a construção da paz", com o 11 de
Setembro de 2001
(12/9/2009) O 11 de Setembro evidenciou "grandes contradições no papel das religiões
na construção da paz": é o que salienta o secretário do Conselho Pontifício para
a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, D. Agostino Marchetto, num discurso que
pronuncia neste sábado, em Recoaro Terme – na região italiana do Veneto – e cujo
texto foi antecipado nesta sexta feira. Além disso o prelado pede que, no campo da
imigração, além da segurança se busque também o acolhimento e a integração. O arcebispo
Marchetto detém-se sobre a relação entre cristãos e muçulmanos com referência aos
valores do acolhimento e da hospitalidade. A tradição à abertura está na base também
"da religião islâmica que, porém, hoje, infelizmente, conhece consistentes sectores
extremistas e violentos" – afirma o prelado. Segundo D. Marchetto, a tarefa dos
muçulmanos "consiste em identificar novos processos educacionais, capazes de superar
esses extremismos, de isolá-los e fazer prevalecer o verdadeiro diálogo, autêntico,
respeitoso da reciprocidade". E acrescenta: o 11 de Setembro foi "certamente um
separador de águas, uma "revelação", que evidenciou grandes contradições no papel
das religiões na construção da paz". Trata-se de um evento que "comporta a necessidade
de um salto de qualidade no encontro inter-religioso", com o convite a abrir-se ao
outro, testemunhando concretamente a própria oposição a toda forma de violência –
frisa o arcebispo. "Onde o estrangeiro se torna hóspede e é acolhido", desfaz-se
gradualmente a possibilidade de ver o outro como um inimigo, observa ele, acrescentando
que o imigrante deve, evidentemente, respeitar "a identidade e as leis do país que
o acolhe". O secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes
e Itinerantes voltou a evidenciar que a condição de irregularidade não permite, mesmo
assim, excepções no que diz respeito á dignidade do imigrante.