2009-09-08 11:45:55

LÍDERES PEDEM REGISTRO DE EPISÓDIOS RACISTAS


Cracóvia, 08 set (RV) - Nesta cidade polonesa, onde mais de 200 líderes religiosos estão reunidos, há 70 anos do início da II Guerra, para repudiar os conflitos e o Holocausto, os participantes relembraram ontem também “os mortos no mar”. Em sua consciência, ainda arde a última tragédia no Canal da Sicilia, na qual 73 eritreus morreram enquanto tentavam chegar ao litoral italiano.

“Episódios como aquele devem ser catalogados” – pedem os participantes, que invocam a criação de um arquivo europeu que memorize os episódios de racismo, gestos de intolerância e crimes mais graves, a fim de orientar as políticas culturais da União Européia. E alertam: “Na Europa, é sempre maior o ímpeto contrário à imigração e o apelo por uma homogeneidade, hoje impossível nas cidades européias, multi-étnicas e mestiças”.

O porta-voz da Comunidade de Santo Egídio, Mario Marazziti, revela que justamente países europeus como Itália, Malta, Grécia, Portugal e Espanha – tradicionalmente acolhedores – não possuem um registro oficial de seus episódios de matriz racista. “Hoje, são os mais lentos em identificá-los, catalogá-los e combatê-los”.

Presente no encontro, o Cardeal-arcebispo de Barcelona, Lluís Martinez Sistach, disse que “a pluralidade de etnias são uma riqueza para todos, seja do ponto de vista demográfico, como econômico e cultural”.

Segundo dados da Comunidade, um berlinense a cada sete não possui passaporte alemão, 22% da população de Londres não é européia, em Barcelona, esta percentagem é de 22,7%, em Milão, de 14,5%. “O desafio é a integração social, pois tratar estas pessoas como inimigas propicia a insegurança”, segundo Marazziti.

Já para o Cardeal francês Paul Poupard, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Cultura, em relação ao problema da imigração clandestina, é necessária uma política européia comum, para administrar juntos, ‘com humanidade’, as emergências, como o último naufrágio.

Para o cardeal, em função de sua posição geográfica, a Itália deve ser ajudada e não deixada sozinha a enfrentar os desembarques. (CM)







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