Cidade do Vaticano, 08 set (RV) - A Igreja celebra nesta terça-feira a Natividade
de Nossa Senhora, cuja festa nasceu nos primeiros séculos da era cristã, no Oriente.
O Papa Sérgio I a introduziu, no Séc. VII, no calendário litúrgico. Mas como essa
festa teve a sua origem? Quem nos responde é o presidente da Associação Bíblica Italiana,
Pe. Rinaldo Fabris. Eis o que disse:
Pe. Rinaldo Fabris:- "A fonte principal
se encontra num Evangelho apócrifo do Séc. II e é, portanto, muito antigo. Joaquim
e Anna já se encontram idosos e não conseguem ter um filho, e então Joaquim se lamenta
ao Senhor, o qual lhe anuncia que terá uma menina. Isso se encontra no Evangelho de
Tiago."
P. Que significado tem hoje essa celebração?
Pe. Rinaldo
Fabris:- "É como o Natal de Jesus. Assim como o nascimento de Jesus marca o início
da nossa salvação, também o nascimento de Maria prepara, de certo modo, esse histórico
evento do nascimento do Salvador. Faz parte da tradição popular da Igreja – muito
difundida – de uma Igreja oriental: Maria é escolhida, por graça, para ser a Mãe do
Messias, do Filho de Deus."
P. Qual ensinamento podemos obter desse Evangelho
de Tiago, que nos fala justamente do nascimento de Maria?
Pe. Rinaldo
Fabris:- "Através da escolha de Maria, depois educada no Templo de Jerusalém –
e que mais tarde terá um marido, José – Deus prepara a vinda do Salvador e não somente
o aspecto da origem natural, mas da sua preparação espiritual. Esse é o sentido da
Natividade de Maria. É um santuário que Deus preparou mediante a escolha, a eleição
da Mãe de Jesus o Salvador."
P. Maria, desde criança, vive no templo. Como
podemos ver essa vida desde cedo já tão dedicada às coisas de Deus?
Pe.
Rinaldo Fabris:- "Essa vida torna-se o modelo das pessoas consagradas. É interessante,
no caso de Maria, a consagração espiritual. Ela é virgem, mas tem a fecundidade que
é um grande dom de Deus, uma bênção. Uma fecundidade inserida, porém, num contexto
de consagração, de pertença total a Deus. Portanto, a virgindade é vivida desde a
tradição da Igreja nascente como escolha de dedicação da própria vida ao Senhor. A
encarnação de Deus na humanidade se dá nesse contexto de plena adesão ao Senhor. Portanto,
podemos dizer que esse é o modelo para todos os fiéis, para os que são casados, os
genitores que têm filhos, que são sempre um dom de Deus mediante o processo da criação.
Viver a total pertença a Deus, em qualquer estado de vida, é a condição para participar
dessa presença de Deus na humanidade da qual Jesus é o momento culminante como Messias
e presença definitiva de Deus na humanidade." (RL)