PAPA A BISPOS DO BRASIL: NO DESERTO DE DEUS, JOVENS TÊM SEDE DE TRANSCENDÊNCIA
Castel Gandolfo, 07 set (RV) – Bento XVI recebeu na residência pontifícia de
Castel Gandolfo, 16 bispos dos Regionais Oeste 1 e 2 da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), que encerram amanhã sua visita ad Limina.
Em seu discurso,
o papa afirmou que o encontro de hoje abre a "longa peregrinação" dos membros da CNBB,
um momento "profundamente esperado" desde sua visita ao Brasil, em maio de 2007: "Durante
a minha visita ao vosso país pude experimentar todo o carinho do povo brasileiro pelo
Sucessor de Pedro e, de modo especial, quando tive a possibilidade de abraçar com
o olhar todo episcopado desta grande nação no encontro na catedral da Sé, em São Paulo.
Com efeito, só o coração grande de Deus pode conhecer, guardar e reger a multidão
de filhos e filhas que Ele mesmo gerou na vastidão imensa do Brasil".
A seguir, o
pontífice falou dos desafios e problemas pastorais dos dois Regionais, que correspondem
aos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O primeiro deles é a distância que
bispos, sacerdotes e missionários devem percorrer para levar a Boa Nova. O segundo,
a carência de vocações. "Em nossos dias, e concretamente no Brasil, os trabalhadores
na Messe do Senhor continuam a ser poucos para a colheita que é grande" – afirmou
o papa, ressaltando como "essencial" uma adequada formação daqueles que são chamados
a servir o Povo de Deus.
Citando o Ano Sacerdotal em andamento, Bento XVI
fez algumas considerações a respeito dos novos pastores: "Há tantos que parecem querer
consumir a vida toda em um minuto, outros que vagueiam no tédio e na inércia, ou abandonam-se
a violências de todo gênero. No fundo, não passam de vidas desesperadas à procura
da esperança".
O papa analisou algumas errôneas interpretações do Concílio
Vaticano II, que deram lugar a uma auto-secularização de muitas comunidades eclesiais.
Estas comunidades, "esperando agradar aos que não vinham, viram partir, defraudados
e desiludidos, muitos daqueles que tinham". Passadas algumas décadas, este ambiente
eclesial secularizado deu vida a uma nova geração que vê na sociedade o fosso das
diferenças e contraposições ao Magistério da Igreja, sobretudo em campo ético.
"Neste
deserto de Deus, a nova geração sente uma grande sede de transcendência" – avaliou
o pontífice, afirmando que são os jovens desta nova geração que hoje "batem à porta
do Seminário e que necessitam encontrar formadores que sejam verdadeiros homens de
Deus, sacerdotes totalmente dedicados à formação, que testemunhem o dom de si à Igreja,
através do celibato e da vida austera".
Por fim, Bento XVI recordou que é
tarefa do Bispo estabelecer os critérios essenciais para a formação dos seminaristas
e dos presbíteros na fidelidade às normas universais da Igreja. (BF)