BENTO XVI EM VITERBO: "CRISTÃOS, NÃO TENHAM MEDO DE ANUNCIAR CRISTO"
Viterbo, 06 set (RV) - Bento XVI realizou, neste domingo, sua visita pastoral
às cidades italianas de Viterbo e Bagnoregio, localizadas na região do Lácio.
O
pontífice partiu de Castel Gandolfo e chegou às 9h locais ao Campo Esportivo Municipal
"Rocchi", em Viterbo. Na esplanada do Vale Faul, local onde foi celebrada a santa
missa, o papa saudou o bispo de Viterbo, Dom Lorenzo Chiarinelli, as autoridades civis
e militares, os representantes do governo, o prefeito da cidade e todos os fiéis ali
presentes.
Em sua homilia, o pontífice sublinhou que na primeira leitura o
profeta Isaías encoraja os corações desanimados e afirma que quando o Senhor está
presente se abrem os olhos do cego e os ouvidos do surdo, o coxo pula como um cervo.
"Tudo renasce e tudo revive porque águas benéficas irrigam o deserto."
O deserto
em sua linguagem simbólica se refere aos eventos dramáticos, às situações difíceis
e à solidão que sempre marcam a vida do ser humano. E o papa ressaltou: "O deserto
mais profundo é o coração humano, quando ele perde a capacidade de ouvir, de falar,
de se comunicar com Deus e com os outros. Torna-se cego porque incapaz de ver a realidade;
fecham-se os ouvidos para não ouvir o grito que implora ajuda; se endurece o coração
na indiferença e no egoísmo. Mas agora - anuncia o profeta – tudo é destinado à mudança;
a terra árida será irrigada por uma nova linfa divina. E quando o Senhor vem, fala
com autoridade aos desanimados de coração, de todos os tempos: "Coragem, não tenham
medo"!
Já no Evangelho de Marcos, Jesus dizendo "Efatá", ou seja, "Abre-te",
cura um homem surdo que falava com dificuldade. Bento XVI disse que vemos neste sinal
o "ardente desejo de Jesus em vencer no homem a solidão e a incomunicabilidade criadas
pelo egoísmo, a fim de dar fisionomia a uma nova humanidade, a humanidade da escuta
e da palavra, do diálogo, da comunicação, da comunhão. Uma humanidade boa, como boa
é toda a criação de Deus; uma humanidade sem discriminação e sem exclusão".
O
Santo Padre exortou a Igreja em Viterbo a abrir seu coração à Palavra de Deus, a ter
coragem de anunciar o Evangelho, a seguir o itinerário de salvação e a nutrir-se dos
sacramentos que congregam todos os cristãos. Ele ressaltou a importância de investir
na "educação para a fé, como busca, como iniciação cristã, como vida em Cristo e a
esta experiência são convidadas as paróquias, as escolas, as famílias, as várias associações,
os catequistas e todos os educadores".
Bento XVI citou como modelos a serem
seguidos alguns santos da província de Viterbo, considerados autênticos pioneiros
na educação da fé como Santa Rosa Venerini, São Boaventura de Bagnoregio, Santa Lúcia
Filipini, Santa Jacinta Marescotti, a bem-aventurada Gabriela Sagheddu, Domingos Bárberi,
entre outros.
Junto com a educação para a fé, o papa ressaltou também a importância
do testemunho de fé, que se torna operosa por meio da caridade. Nesta perspectiva,
as obras da Igreja se tornam sinais da fé e do amor de Deus, que é Amor – como recorda
o papa em suas encíclicas Deus caritas est e Caritas in veritate.
O Santo Padre
exortou os fiéis de Viterbo a prestarem atenção aos sinais de Deus, pois ele continua
nos revelando hoje o seu projeto através de eventos e palavras. "Ouvir a sua Palavra
e discernir os seus sinais deve ser o empenho de cada cristão e de toda comunidade"
– frisou o papa, que acrescentou: "Fiéis leigos, jovens e famílias, não tenham medo
de viver e testemunhar a fé nos vários ambientes da sociedade, nas múltiplas situações
da existência humana. E isto, Viterbo soube expressar com pessoas de prestígio. Passam
as estações da história, mudam os contextos sociais, mas não muda e não sai de moda
a vocação dos cristãos a viver o Evangelho na solidariedade com a família humana.
Nisso consiste o empenho social, o serviço próprio da ação política, o desenvolvimento
humano integral".
O papa exortou a Igreja em Viterbo a não ter medo e a confiar
em Cristo, quando o coração se desanimar no deserto da vida e finalizou sua homilia
pedindo a intercessão de todos os santos daquela região e de Nossa Senhora do Carvalho,
padroeira da diocese de Viterbo, a fim de que os fiéis tenham o desejo de proclamar,
com palavras e ações, a presença e o amor de Cristo. (MJ)