Cidade do Vaticano, 03 set (RV) - Celebra-se nesta quinta-feira a memória de
São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja que viveu no Séc. VI, nos anos das chamadas
invasões dos bárbaros. Bento XVI dedicou a esse grande papa um Angelus e duas catequeses,
no âmbito das audiências gerais das quartas-feiras.
Um exemplo para os pastores
da Igreja e para os administradores públicos. Bento XVI descreve assim São Gregório
Magno, um homem de grande integridade moral, ponto de referência para todos, em anos
difíceis, graças à santidade de vida, seu estilo simples e despojado: prefeito de
Roma aos 30 anos de idade, tornou-se monge, sendo depois aclamado papa contra a sua
vontade.
Foi o primeiro a definir o Vigário de Cristo como "servo dos servos
de Deus". Foi por ter ficado profundamente impressionado com a humildade do Filho
de Deus que se inclinou diante das misérias da humanidade. Para ele essa era a tarefa
do pastor de almas:
A vida do pastor de almas deve ser uma síntese equilibrada
de contemplação e de ação, animada pelo amor que – dizia ele mesmo – "alcança cumes
altíssimos quando se curva misericordioso diante dos males profundos dos outros. A
capacidade de curvar-se diante da miséria dos outros é a medida da força de impulso
rumo ao alto"." (Angelus de 3 de setembro de 2006)
São Gregório Magno
ajudava os pobres, os últimos, os abandonados. Olhou para as invasões dos bárbaros
com espírito confiante e, diferentemente do imperador bizantino – que considerava
os longobardos como indivíduos incivis que deveriam ser derrotados ou exterminados
– via essas populações com os olhos do bom pastor, preocupado em anunciar-lhes a palavra
de salvação:
"Com profética capacidade de enxergar o futuro, Gregório intuiu
que uma nova civilização estava nascendo do encontro entre a herança romana e os povos
chamados "bárbaros", graças à força de coesão e de salvação moral do cristianismo."
(Angelus de 3 de setembro de 2006)
São muito conhecidos os binômios
de São Gregório: faça aquilo que sabe, viva aquilo de que fala, faça aquilo que conhece.
Porque é inútil compreender as coisas da fé se essa compreensão não leva à ação. E
a sua imensa atividade parte do reconhecer com humildade a própria miséria. Parte
do primado da oração:
"Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava
sempre vivo no fundo de sua alma e justamente por isso ele se fazia sempre muito próximo
ao próximo, aos necessitados entre o povo de seu tempo. Num tempo desastroso, aliás,
de desespero, soube criar paz e dar esperança. Este homem de Deus nos mostra onde
se encontram as verdadeiras fontes da paz, de onde vem a verdadeira esperança e se
torna assim um guia também para nós hoje." (Audiência geral de 28 de maio de 2008)
(RL)