Washington, 30 ago (RV) - Edward Kennedy, lendário líder do Partido Democrata
durante quase meio século, foi enterrado ontem, durante uma cerimônia, junto a seus
irmãos no Cemitério Nacional de Arlington, após três dias de tributo nacional.
Ted
Kennedy, como era conhecido, foi sepultado em cerimônia privada no cemitério próximo
a Washington e que serve de panteão a mais de 330 mil soldados e heróis nacionais.
Ele morreu na terça-feira aos 77 anos em sua casa em Hyannis Port (Massachusetts),
após uma batalha de 15 meses contra um câncer. Do mais novo entre nove irmãos, agora
resta somente sua irmã Jean Kennedy Smith, de 81 anos.
O funeral foi presidido
pelo arcebispo emérito de Washington, Cardeal Theodore McCarrick, amigo do ex-senador.
"Seu grito e seu entusiasmo pelas coisas nas quais acreditava fizeram uma diferença
na vida de nossa nação" – disse o Card. McCarrick.
O purpurado leu parte de
uma carta que Kennedy enviou ao Papa Bento XVI e que o presidente Barack Obama lhe
entregou pessoalmente, em 20 de julho, durante seu encontro no Vaticano.
Na
carta, Kennedy comunica ao papa seu grave estado de saúde por causa de um câncer cerebral
incurável, e lhe pede que reze por ele. Acrescenta que sua fé católica foi "o centro
de nossas vidas" e o ajudou a enfrentar as tragédias na família.
''Tenho 77
anos e estou me preparando para a próxima etapa da vida" – escreve Kennedy, destacando
que a fé o havia "apoiado e nutrido" e oferecido "alívio nas horas mais difíceis da
vida". Confessa "ser imperfeito", mas que, fazendo um repasse de sua vida, se dedicou
a "endireitar seu caminho". O senador recorda ainda as batalhas políticas compartilhadas
com a Santa Sé, entre as quais a luta contra a pena de morte.
Duas semanas
depois, chegou a Hyannis Port a resposta do Vaticano, com as orações de Bento XVI.
Na carta, o papa expressa sua preocupação e solidariedade ao senador, orando
para que receba amparo na fé e na esperança, e a graça da jubilosa entrega à vontade
de Deus. Por fim, Bento XVI invoca para Kennedy ''a consolação e a paz prometida pelo
Salvador Ressuscitado para aqueles que compartilham seus sofrimentos e a confiança
na vida eterna''.
A viúva de Kennedy, Vicki, pediu que trechos da correspondência
fossem lidos pelo purpurado durante o funeral, para recordar "a fé do marido e o calor
e o espírito paterno" do pontífice. (BF)