2009-08-26 12:27:17

OS POVOS CRUCIFICADOS DO MUNDO


Cidade do México, 26 ago (RV) - O teólogo basco Jon Sobrino afirmou ontem, na Cidade do México, que, como dizia o jesuíta espanhol Pe. Ignacio Ellacuría, o mundo ainda continua cheio de “povos crucificados”, e convidou todos a relembrar as idéias de seu companheiro, assassinado em El Salvador, em 1989.

Entrevistado pela agência EFE antes de participar, na capital mexicana, do I Congresso Internacional sobre Pe. Ignacio Ellacuría, Pe. Jon Sobrino, nascido em Bilbao em 1938, recordou que seu amigo e reitor da Universidade Centro-americana (UCA) de São Salvador analisava, há vinte anos, os problemas importantes da humanidade.

Esses problemas, na opinião de Pe. Sobrino, “não mudaram”. Para Pe. Ellacuría, os “povos crucificados” eram a maioria dos povos do planeta, aquelas pessoas que combatem cotidianamente em condições de marginalização. O grande sonho de sua vida era “não abandonar o povo crucificado, mas tirá-lo da cruz”.

Pe. Sobrino considera urgente hoje reavivar os ideais de Pe. Ellacuría, intelectual que centrou seu trabalho na moral, na teologia
cristã e na defesa dos que menos possuem.

O padre foi morto em 1989, em sua residência na Universidade Centro-Americana, UCA, juntamente com outros 5 padres jesuítas e duas funcionárias.

Pe. Sobrino recordou como seu irmão jesuíta considerava um erro a chamada “civilização da riqueza”, na qual se pensa que o motor da história é acumular capital, e que o sentido da existência é gastá-lo. Em contraposição, Pe. Ellacuría propunha a “civilização da pobreza”, aquela em que o essencial é o trabalho e o sentido da vida está na solidariedade.

A respeito da atual crise financeira mundial, Pe. Jon Sobrino a definiu como um fato “tragicômico”. “A tragédia da situação é que as pessoas que menos tinham, hoje estão com menos condições de vida, resultado de uma conjuntura que empobreceu os mais pobres. O cômico é que o sistema internacional tenha investido tantos recursos para a recuperação da economia. Com este dinheiro, faríamos desaparecer a fome por 10, 20 ou até 30 anos”. (CM)







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