Brasília, 24 ago (RV) - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, defendeu ontem a implantação do ensino religioso
nas escolas públicas do país, e afirmou que o veto por ação judicial contra os símbolos
religiosos nas repartições públicas brasileiras é um ato de violência.
“Apelar
para a questão do Estado laico e da sociedade pluralista, e apagar todos os elementos
incorporados na cultura brasileira é uma violência” – afirmou Dom Geraldo à Agência
Brasil. Em julho, o Ministério Público Federal em São Paulo pediu uma ação civil para
retirar todos os símbolos religiosos fixados em edifícios públicos.
“A maior
parte da população brasileira é católica e a história do país está fortemente marcada
pela presença religiosa” – defendeu o arcebispo de Mariana, MG.
Correntes
contrárias à disposição de símbolos religiosos em repartições públicas apontam que
o Brasil é um país constitucionalmente laico, e que essa atitude impõe o catolicismo
e atenta contra a liberdade religiosa proclamada na própria Constituição.
Em
relação às aulas de religião, estão previstas na Constituição de 1988. O acordo entre
o governo brasileiro e o Vaticano, que está tramitando no Congresso Nacional, estabelece
o ensino católico e de outras doutrinas. Neste sentido, Dom Geraldo descartou que
o acordo privilegie a Igreja: “O que a Igreja Católica pede para si, ela também pede
para as demais denominações” - ressaltou.
O presidente da CNBB afirma que a
religião é parte importante no processo educacional: “Uma educação integral envolve
também o aspecto da dimensão religiosa ao lado das outras dimensões da vida humana”.
Segundo
Dom Geraldo, o fato do Estado Brasileiro ser laico não significa ser Estado anti-religioso,
nem Estado ateu. A presença da fé nas salas de aula estaria de acordo com a formação
cultural da sociedade brasileira. “O Estado é laico, mas a sociedade não é laica.
Os alunos não são ateus” - ressalvou. (CM)