PAPA NO ANGELUS: É NECESSÁRIO ACOLHER POR TODA A VIDA A VONTADE DE CRISTO
Cidade do Vaticano, 23 ago (RV) - O Santo Padre rezou, ao meio-dia de hoje,
com os fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de verão
de Castel Gandolfo, a oração dominical do Angelus.
Na alocução que precede
a oração mariana, o pontífice observou que desde alguns domingos a liturgia da Igreja
propõe à nossa reflexão o capítulo VI do Evangelho de João, no qual Jesus se apresenta
como o "pão da vida descido do céu", e acrescenta: "quem comer deste pão viverá eternamente.
O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6, 51).
Ao ouvirem
essas palavras, os judeus discutiam calorosamente entre si: "Como esse homem pode
dar-nos a sua carne a comer?" (v 52). Jesus lhes respondeu: "se não comerdes a carne
do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós" (v 53).
O
papa prosseguiu ressaltando que hoje, XXI domingo do tempo comum, meditamos a parte
conclusiva desse capítulo, no qual o evangelista descreve a reação dos próprios discípulos,
escandalizados pelas palavras do Senhor, a ponto de muitos, após tê-lo seguido, exclamarem:
"Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?" (v 60).
E daquele momento, "muitos
dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele" (v 66). Bento XVI frisou
que Jesus, porém, não atenuou as suas afirmações, aliás, se dirigiu diretamente aos
Doze dizendo: "Não quereis também vós partir?" (v 67).
Essa pergunta provocatória
não é dirigida somente aos ouvintes daquela época, mas alcança os fiéis e os homens
de todas as épocas, observou o papa, acrescentando que também hoje não poucos ficam
"escandalizados diante do paradoxo da fé cristã.
Dito isso, o pontífice acrescentou:
"O
ensinamento de Jesus parece "duro", muito difícil de ser acolhido e de ser colocado
em prática. Há então quem rejeita e abandona Cristo; há quem procura "adequar" a sua
palavra às modas dos tempos, desvirtuando o seu sentido e valor.
""Não quereis
também vós partir?" Essa inquietante provocação ressoa em nosso coração e espera de
cada um de nós uma resposta pessoal. De fato, Jesus não se contenta com uma pertença
superficial e formal, não lhe é suficiente uma primeira e entusiasta adesão; pelo
contrário, é necessário tomar parte para toda a vida "de seu pensar e de seu querer."
Bento
XVI observou que seguir Jesus enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa
existência, mas comporta dificuldade e renúncias porque muitas vezes se deve andar
contracorrente. O papa ressaltou que Pedro responde, em nome dos apóstolos, à pergunta
de Jesus, dizendo: "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos
e reconhecemos que tu és o Santo de Deus" (versículos 68 e 69).
"Também nós
podemos, queremos repetir neste momento a resposta de Pedro, conscientes, certamente,
da nossa fragilidade humana, mas confiantes na potência do Espírito Santo, que se
expressa e se manifesta na comunhão com Jesus.
Bento XVI recordou que a fé
é dom de Deus ao homem e é, ao mesmo tempo, livre e total entrega do homem a Deus;
a fé é dócil escuta da palavra do Senhor, que é "lâmpada" para os nossos passos e
"luz" em nosso caminho (cfr Salmo, 119, 105).
"Se abrirmos com confiança o
coração a Cristo, se nos deixarmos conquistar por Ele, poderemos também nós experimentar,
junto ao Santo Cura d'Ars, que a "nossa única felicidade aqui nesta terra é amar a
Deus e saber que Ele nos ama"."
Após a oração mariana, o papa ressaltou que
foi aberta neste domingo, em Rimini – centro-norte da Itália – a XXX edição do "Encontro
para a amizade entre os povos", que este ano tem como tema "O conhecimento é sempre
um acontecimento".
Ao dirigir uma saudação a todos os participantes do significativo
encontro, Bento XVI fez votos de que esta seja uma ocasião propícia para compreender
que "conhecer não é um ato apenas material, porque... em cada conhecimento e em cada
ato de amor, a alma do homem experimenta um «extra» que se assemelha muito a um dom
recebido, a uma altura para a qual nos sentimos atraídos". (Carta encíclica Caritas
in veritate, nº77)
Após saudar, em várias línguas, os diversos grupos de
fiéis e peregrinos presentes e os que acompanhavam a oração mariana pelo rádio e pela
televisão, o Santo Padre concedeu a todos a sua bênção apostólica. (RL)