2009-08-23 14:43:47

PAPA NO ANGELUS: É NECESSÁRIO ACOLHER POR TODA A VIDA A VONTADE DE CRISTO


Cidade do Vaticano, 23 ago (RV) - O Santo Padre rezou, ao meio-dia de hoje, com os fiéis e peregrinos reunidos no pátio interno da residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, a oração dominical do Angelus.

Na alocução que precede a oração mariana, o pontífice observou que desde alguns domingos a liturgia da Igreja propõe à nossa reflexão o capítulo VI do Evangelho de João, no qual Jesus se apresenta como o "pão da vida descido do céu", e acrescenta: "quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6, 51).

Ao ouvirem essas palavras, os judeus discutiam calorosamente entre si: "Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer?" (v 52). Jesus lhes respondeu: "se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós" (v 53).

O papa prosseguiu ressaltando que hoje, XXI domingo do tempo comum, meditamos a parte conclusiva desse capítulo, no qual o evangelista descreve a reação dos próprios discípulos, escandalizados pelas palavras do Senhor, a ponto de muitos, após tê-lo seguido, exclamarem: "Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?" (v 60).

E daquele momento, "muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele" (v 66). Bento XVI frisou que Jesus, porém, não atenuou as suas afirmações, aliás, se dirigiu diretamente aos Doze dizendo: "Não quereis também vós partir?" (v 67).

Essa pergunta provocatória não é dirigida somente aos ouvintes daquela época, mas alcança os fiéis e os homens de todas as épocas, observou o papa, acrescentando que também hoje não poucos ficam "escandalizados diante do paradoxo da fé cristã.

Dito isso, o pontífice acrescentou:

"O ensinamento de Jesus parece "duro", muito difícil de ser acolhido e de ser colocado em prática. Há então quem rejeita e abandona Cristo; há quem procura "adequar" a sua palavra às modas dos tempos, desvirtuando o seu sentido e valor.

""Não quereis também vós partir?" Essa inquietante provocação ressoa em nosso coração e espera de cada um de nós uma resposta pessoal. De fato, Jesus não se contenta com uma pertença superficial e formal, não lhe é suficiente uma primeira e entusiasta adesão; pelo contrário, é necessário tomar parte para toda a vida "de seu pensar e de seu querer."

Bento XVI observou que seguir Jesus enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa existência, mas comporta dificuldade e renúncias porque muitas vezes se deve andar contracorrente. O papa ressaltou que Pedro responde, em nome dos apóstolos, à pergunta de Jesus, dizendo: "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus" (versículos 68 e 69).

"Também nós podemos, queremos repetir neste momento a resposta de Pedro, conscientes, certamente, da nossa fragilidade humana, mas confiantes na potência do Espírito Santo, que se expressa e se manifesta na comunhão com Jesus.

Bento XVI recordou que a fé é dom de Deus ao homem e é, ao mesmo tempo, livre e total entrega do homem a Deus; a fé é dócil escuta da palavra do Senhor, que é "lâmpada" para os nossos passos e "luz" em nosso caminho (cfr Salmo, 119, 105).

"Se abrirmos com confiança o coração a Cristo, se nos deixarmos conquistar por Ele, poderemos também nós experimentar, junto ao Santo Cura d'Ars, que a "nossa única felicidade aqui nesta terra é amar a Deus e saber que Ele nos ama"."

Após a oração mariana, o papa ressaltou que foi aberta neste domingo, em Rimini – centro-norte da Itália – a XXX edição do "Encontro para a amizade entre os povos", que este ano tem como tema "O conhecimento é sempre um acontecimento".

Ao dirigir uma saudação a todos os participantes do significativo encontro, Bento XVI fez votos de que esta seja uma ocasião propícia para compreender que "conhecer não é um ato apenas material, porque... em cada conhecimento e em cada ato de amor, a alma do homem experimenta um «extra» que se assemelha muito a um dom recebido, a uma altura para a qual nos sentimos atraídos". (Carta encíclica Caritas in veritate, nº77)

Após saudar, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes e os que acompanhavam a oração mariana pelo rádio e pela televisão, o Santo Padre concedeu a todos a sua bênção apostólica. (RL)







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