BISPOS ARGENTINOS ALERTAM SOBRE A POBREZA DA POPULAÇÃO
Buenos Aires, 22 ago (RV) – “Sobre o grave problema da pobreza no país, em
particular sobre a exclusão social, a Igreja argentina reflete e trabalha há muito
tempo. Os bispos continuam a aprofundar a questão e, sobretudo, estudam novas iniciativas
para colaborar na luta contra a pobreza”. Foi o que disse ontem, sexta-feira, padre
Jorge Oesterheld, porta-voz do Episcopado da Argentina na conclusão da reunião do
Comitê da presidência guiado pelo arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio.
Padre Oesterheld explicou também que, ao contrário do que se previa, sobre
essa questão os bispos preferiram não publicar nenhum documento, pois o que se devia
dizer, já foi dito. Os bispos, diante do que afirmou o Instituto Nacional de Estatísticas
– que fala de 15% de pobres no país – reafirmam, ao invés, que cerca de 40% da população
argentina pode ser definida pobre, segundo as cifras fornecidas pelo Observatório
da Dívida Social da Universidade Católica da capital.
“Trata-se de um trabalho
científico disponível a todos e publicado tempestivamente – sublinhou o porta-voz
– portanto, não se trata de apreciações subjetivas”. E acrescentou: “agora o mais
importante não é discutir sobre cifras, mas sim, fazer alguma coisa”. Por isso a Igreja
argentina reforçará a colaboração entre a Comissão Episcopal para a Pastoral Social,
presidida pelo bispo de San Isidro, Dom Jorge Casaretto, e a Caritas, guiada por Dom
Fernando Bargalló, com a finalidade específica de incrementar as atividades no âmbito
da proteção da infância.
Os resultados do trabalho coordenado serão apresentados
ao governo federal como “um conjunto de propostas concretas para a colaboração entre
o Estado e a Igreja”. Apesar de não terem sido fornecidos ulteriores detalhes parece
certo, segundo a imprensa argentina, que os bispos tenham refletido amplamente sobre
possíveis iniciativas para ajudar as famílias mais pobres, sobretudo aquelas nas quais
o chefe da família perdeu o trabalho ou tem um trabalho precário.
Padre Oesterheld,
respondendo a algumas perguntas dos jornalistas na sede do Episcopado, desmentiu que
os bispos tenham tratado novamente do tema da toxicodependência, em particular, sobre
as propostas de descriminalização de certas drogas. O porta-voz reafirmou o que os
bispos já falaram a respeito dessa questão em vários documentos, recordando que precisamente
ontem teve início um seminário de estudo para pessoas que trabalham na pastoral que
segue os problemas da droga, e acrescentou: “A Igreja recorda a todos que em primeiro
lugar o mais importante a fazer é evitar, em todos os modos, que os jovens se aproximem
das drogas.
Os bispos são contrários a qualquer tipo de descriminalização,
mas isso não significa que o toxicodependente deve ser criminalizado: ele é, ao invés,
uma vítima. O narcotráfico é um crime. Nos próximos dias, a Corte Suprema argentina
deverá se pronunciar sobre uma eventual descriminalização do possesso e consumo de
droga para uso pessoal. (SP)