AIDS: A IMPORTÂNCIA DE DETECTAR PRECOCEMENTE O VÍRUS
Brasília, 20 ago (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
manifestou ontem seu apoio à nova campanha que o Ministério da Saúde vai lançar em
parceria com a Pastoral da AIDS. A campanha visa estimular as pessoas a fazerem o
teste de AIDS a fim de detectar precocemente o vírus HIV e, no caso das gestantes,
da sífilis.
Representantes do Ministério da Saúde e da Pastoral da AIDS esclareceram
ontem os detalhes da campanha aos bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep),
reunidos em Brasília (DF).
“O Consep entende que é importante o incentivo ao
diagnóstico precoce da AIDS e, no caso das gestantes, da sífilis” - explica o secretário
geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa. “É igualmente importante a informação e a assistência
ampla, particularmente, no caso da gestante, da transmissão vertical da sífilis” -
completa.
O assessor nacional da Pastoral da AIDS, Frei Luiz Carlos Lunardi,
destaca que a evolução da atuação da Igreja junto aos doentes de AIDS. “A Igreja,
desde o início, teve uma presença de acolhida e de acompanhamento das pessoas com
doença de AIDS, mas numa perspectiva de dar-lhes uma ‘morte digna’. Agora, vimos que
há um campo mais amplo, que é não só assistir, mas prevenir, chegar antes da doença”
- explica Lunardi.
Segundo o frei, o que falta à população é informação. Ele
esclarece que a pessoa pode ter o vírus da AIDS e não ter a doença. “Ter o vírus da
AIDS não significa ser um doente de AIDS. O vírus pode ser controlado com os remédios
e não evoluir para a doença” - explica.
A diretora do Departamento de DST/AIDS
do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, ressaltou a importância da parceria com
a CNBB por causa da “forte atuação da Igreja junto a um público que o Ministério da
Saúde considera mais vulnerável e ao qual não tem acesso”. Segundo a diretora, a Igreja
Católica sempre foi muito forte no trabalho com a AIDS. “A confirmação desta parceria
ampliará a ação do diagnóstico precoce do vírus HIV e, no caso da gestante, da sífilis”
- acredita Mariângela.
Para a representante do Ministério da Saúde, o que
mais dificulta o teste para o diagnóstico precoce do HIV é o medo do estigma da discriminação.
“A iniciativa depende da pessoa. Quanto mais tarde for feito o diagnóstico, pior”
- destaca.
Frei Lunardi ressalta que a parceria evidencia duas potencialidades,
uma da parte do Governo e outra da parte da Igreja. “O Governo dá, gratuitamente,
os medicamentos e o teste. A Igreja entra com sua capacidade de convocar, informar
e sensibilizar, aproveitando a rede bem articulada que ela tem na organização das
comunidades” - acentuou. A Pastoral da AIDS, por exemplo, possui 13 mil agentes e
está presente em 142 das 272 dioceses do Brasil.
Segundo o secretário da CNBB,
as formas concretas da parceria continuam em discussão com os grupos responsáveis.
“O projeto está ainda em construção” - disse. A expectativa é de que a campanha seja
lançada no próximo mês, em Brasília, e, numa primeira fase, atingirá apenas seis cidades:
Manaus, Fortaleza, João Pessoa, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Segundo Frei
Lunardi, estas cidades recolhem, no momento, melhor estrutura para o desenvolvimento
do projeto. (CNBB)