Afeganistão em véspera de eleições com violência intensificada
(19/8/2009) Em vésperas de eleições no Afeganistão, os taliban intensificam a violência.
Um novo atentado em Cabul fez um número indeterminado de vítimas, entre elementos
da ONU e da NATO, bem como tropas e civis afegãos. Sem precisar o número de soldados
atingidos pela explosão do carro-bomba que atacou uma caravana de abastecimento das
forças militares, um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança
confirmou que "soldados desta força internacional foram mortos e vários ficaram feridos". O
atentado, na estrada que liga Cabul à maior base militar norte-americana no Afeganistão,
em Bagram, provocou ainda a morte a sete civis afegãos e 51 feridos, segundo os números
avançados pelo Ministério da Saúde afegão. Mais de 30 soldados estrangeiros morreram,
desde o início do mês, no Afeganistão. Este é apenas o mais recente episódio de
uma série de ataques taliban, que está a pôr em causa as condições de segurança das
eleições presidenciais e provinciais desta quinta feira. Os rebeldes têm vindo
a ganhar terreno nos últimos três anos, ao ponto de exercerem influência crescente
em metade do país, segundo observadores, tendo a violência atingido valores nunca
vistos desde 2001. A Comissão Eleitoral afegã reconheceu já que problemas de segurança
poderão impedir a abertura de 500 a 800 de um total de sete mil locais de voto. E
os pontos mais críticos situam-se nas áreas pashtun do Centro e Sul do país, onde
a insurreição tem maior implantação. Na província de Helmand, alvo principal de
uma vasta ofensiva norte-americana e britânica nas últimas semanas, só haverá locais
de voto em funcionamento nas zonas seguras das principais cidades. Nalguns distritos,
a pressão dos taliban torna o voto impossível. No Sul, prevê-se que a votação não
atinja os 30%. Além das precárias condições de segurança, o fantasma das fraudes
eleitorais, o medo e a descrença da população colocam em risco as eleições de amanhã
e a nova estratégia de Barack Obama, que não poupou meios para garantir o êxito destas
eleições, reforçando a presença militar no Afeganistão com mais 17 mil efectivos. Registos
eleitorais duplicados, inscrições anormalmente elevadas, sobretudo entre a população
feminina nas zonas mais conservadoras e dominadas pelo presidente Karzai, e um florescente
mercado negro de cartões de eleitor dão corpo às suspeitas de fraude que pendem sobre
as eleições.