Orissa, 17 ago (RV) - Um ano após as primeiras violências, o estado de Orissa,
na Índia, ainda não tem paz. Cristãos e outras minorias vivem em perene estado de
insegurança.
Neste fim-de-semana, doze pelotões da polícia e 500 agentes de
forças especiais foram deslocados ao distrito de Kandhamal, para o serviço de segurança
da festividade hindu de Janmastami. Em agosto de 2008, a data ficou marcada pelo assassínio
de um líder local, desencadeando a onda de violências anti-cristãs que perdura até
hoje.
Nesse meio tempo, a Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional
(Uscirf), organismo governamental dos EUA, inseriu a Índia na chamada “Watch List”,
a lista de ‘atenção’ que assinala as nações em que a liberdade religiosa é ameaçada.
A inclusão da Índia se deve ao incremento da violência contra as minorias
religiosas, de modo especial, em relação aos cristãos de Orissa e os muçulmanos de
Gujarat, e pela inadequada resposta das autoridades indianas em garantir a tutela
dos direitos.
“É frustrante que a Índia, com suas múltiplas comunidades religiosas,
tenha feito tão pouco para protegê-las e fazer justiça” – explicou o responsável pelo
Uscirf, Leonard Leo.
O relatório anexo à lista evidencia que as lacunas na
investigação das violências na Índia produziram como resultado uma cultura de impunidade,
que pouco tranqüiliza os pertencentes às minorias.
A Comissão recomenda ao
governo dos EUA que solicite seus homólogos indianos a tomar novas medidas para promover
a harmonia e prevenir os conflitos, convidando forças políticas e organizações religiosas
a denunciar publicamente as violências.
Em Orissa e em outros estados, como
Karnataka, ainda se temem violências contra a comunidade cristã. As agressões não
cessaram, de agosto de 2008 até hoje. Depois dos primeiros cem mortos e da destruição
de dezenas de aldeias em Orissa, houve uma leve atenuação, mas a partir de janeiro
de 2009, recomeçou a série de episódios de intolerância e intimidações.
O
arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar, Dom Raphael Cheenath, observa que até agora, poucas
pessoas foram presas e condenadas pelas violências, e recorda que muitas pessoas de
sua comunidade vivem nos campos, refugiadas, por temos de retornar às suas moradias
e aldeias, destruídas ou invadidas.
O arcebispo vai enviar às autoridades
indianas um memorando para pedir o reforço das medidas de segurança. Dom Raphael convocou
um Dia de paz e harmonia, para ser celebrado em Orissa, neste mês; iniciativa fracassada
pelo firme rechaço dos extremistas hinduístas. (CM)