ANGELUS: DEUS QUER SER ACOLHIDO POR TODOS PARA PODER HABITAR NO MUNDO
Castel Gandolfo, 16 ago (RV) - O Papa Bento XVI rezou ao meio-dia deste domingo
a oração mariana do Angelus com os fiéis e peregrinos presentes no pátio da Residência
Apostólica de Castel Gandolfo. Na sua alocução que precedeu a oração o Santo Padre
recordou que ontem celebramos a grande festa da Assunção de Nossa Senhora ao céu,
(que no Brasil é celebrada hoje) e que no Evangelho deste domingo lemos as palavras
de Jesus: “Eu sou o pão vivo, descido do céu” (Jo 6,51).
“Não podemos ficar
indiferentes a essa correspondência, que roda ao redor do símbolo do “céu”: Maria
foi elevada ao lugar de onde o seu Filho tinha descido”, disse Bento XVI. O
Santo Padre continuou refletindo que “Jesus se apresenta como o “pão vivo”, isto é,
o nutrimento que contém a vida mesma de Deus e é capaz de comunicá-la a quem d’Ele
come. Ele diz: “Se alguém come deste pão viverá eternamente e o pão que eu darei é
a minha carne para a vida do mundo”. Então o papa faz uma pergunta: de quem o Filho
de Deus recebeu a sua carne, a sua humanidade concreta e terrena? Ele mesmo responde.
“Ele
recebeu da Virgem Maria. Deus recebeu d’Ela o corpo humano para entrar na nossa condição
mortal. Por sua vez, no fim da existência terrena, o corpo da Virgem foi elevado ao
céu por Deus e entrou na condição celeste. É uma espécie de intercâmbio, no qual Deus
tem sempre a plena iniciativa, mas, em certo sentido, tem também necessidade de Maria
para preparar a matéria do seu sacrifício: o corpo e o sangue, a ser oferecido na
Cruz como instrumento de vida eterna e, no sacramento da Eucaristia, como alimento
e bebida espirituais.” Caros irmãos e irmãs – acrescentou o papa dirigindo-se
aos fiéis -, o que se verificou em Maria, vale também para cada homem e cada mulher.
“A cada um de nós – recordou – Deus pede para acolhê-Lo, de colocar a disposição o
nosso coração e o nosso corpo, a nossa inteira existência, para que Ele possa habitar
no mundo”.
Também hoje - disse ainda o papa -, o Senhor “nos chama a nos unirmos
a Ele no sacramento da Eucaristia, para formar junto com a Igreja, Pão repartido para
a vida do mundo.
“E se nós dizemos sim, como Maria, na mesma medida desse
nosso sim, ocorre também para nós e em nós aquele misterioso intercâmbio: somos admitidos
na divindade d’Aquele que assumiu a nossa humanidade”. “A Eucaristia – continuou
Bento XVI – é o meio, o instrumento deste recíproco transformar-se, que tem sempre
Deus como fim e como ator principal. Ele é a Cabeça e nós os membros, Ele é a Videira,
nós os ramos. Quem come deste Pão e vive em comunhão com Jesus deixando-se transformar
por Ele e n’Ele, é salvo da morte eterna: morre como todos, participando também do
mistério da paixão e da cruz de Cristo, mas não é mais escravo da morte, e ressuscitará
no último dia, para desfrutar da festa eterna com Maria e com todos os Santos”. E
o papa concluiu com essas palavras:
“Este mistério de vida eterna começa
já aqui: é mistério de fé, de esperança e de amor, que se celebra na liturgia, especialmente
eucarística, e se exprime na comunhão fraterna e no serviço ao próximo. Rezemos à
Virgem Santa, a fim de que nos ajude a nutrirmos sempre com fé do Pão da vida eterna
para experimentar já na terra a alegria do Céu.” Em seguida o papa rezou
a oração mariana do Angelus e concedeu a todos a sua Benção Apostólica.
Antes
de se despedir dos presentes em Castel Gandolfo Bento XVI saudou os diversos grupos
de fiéis em suas respectivas línguas. Eis o que disse em português:
“Saúdo
os jovens brasileiros da Comunidade Missionária Villareggia e demais peregrinos de
língua portuguesa que quiseram participar neste momento diário de louvor e gratidão
ao Verbo divino, que Se fez homem no seio da Virgem Maria para ficar conosco todos
os dias até ao fim do mundo. Deixai Cristo tomar posse da vossa vida, para serdes
cada vez mais vida e presença de Cristo!” Falando
em francês o Santo Padre fez uma particular saudação a um grupo de jovens africanos,
e um apelo à solidariedade em prol de todas aquelas pessoas que se encontram materialmente
ou espiritualmente em dificuldade. (SP)