Santiago, 13 ago (EFE) - A Conferência Episcopal chilena anunciou ontem que
vai apresentar a proposta de outorgar um indulto em massa por razões humanitárias,
para comemorar o Bicentenário da Independência do país, em 2010. O projeto deve ser
apresentado num prazo de cinco meses, quando expira o mandato presidencial.
“Pensamos
que em meio ao fragor da campanha eleitoral, não é oportuno propor um tema que requer
tanta serenidade, diálogo e paz nos corações” - explicou o presidente da Conferência
Episcopal, Dom Alejandro Goic Karmelic.
O bispo de Rancagua anunciou a decisão
ao sair de uma reunião com a presidente chilena, Michelle Bachelet: “Apresentamos
os fundamentos para solicitar um indulto jubilar no Bicentenário, para pessoas condenadas
por tribunais de justiça, e dissemos-lhe que a proposta será apresentada no momento
mais propício” – acrescentou.
Para Dom Karmelic, tal momento será, provavelmente,
depois das eleições presidenciais, cuja primeira rodada está marcadas para 13 de dezembro.
Em julho passado, o Episcopado anunciou que apresentaria a iniciativa ao Governo
e ao Congresso. O indulto pensado pela Igreja prevê a libertação de maiores de 70
anos, enfermos em estado terminal, mães com filhos pequenos e reclusos condenados
por delitos menores.
A Aliança de Direita propôs estender o benefício a ex-militares
condenados por crimes de violação humanitária, medida que gerou críticas dos familiares
das vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
A atual presidente,
Michelle Bachelet, filha de um militar constitucionalista assassinado durante a ditadura,
já outorgou, em seu mandato, 61 indultos a presos enfermos terminais, anciãos e mães
de crianças pequenas.
Hoje no Chile, há 60 ex-repressores condenados e cerca
de 700 processados por violações de direitos humanos cometidas durante o regime militar.
Segundo cifras oficiais, 2.279 pessoas perderam a vida naqueles anos. (CM)