Cidade do Vaticano, 12 ago (RV) - Publicamos abaixo a íntegra da do cardeal-Prefeito
da Congregação para o Clero aos diáconos do mundo inteiro.
Caríssimos
Diáconos permanentes,
Sempre mais a Igreja descobre a inestimável
riqueza do diaconato permanente. Quando os Bispos vem à Congregação para o Clero,
por ocasião das visitas “ad limina”, o tema do diaconato, entre outros, costuma ser
comentado e os Bispos geralmente se mostram muito contentes e cheios de esperança
em relação a vós, Diáconos permanentes. Isso nos enche de alegria a todos nós. A Igreja
vos agradece e reconhece vossa dedicação e vosso qualificado trabalho ministerial.
Ao mesmo tempo, quer encorajar-vos na estrada da santificação pessoal, da vida de
oração e da espiritualidade diaconal. A vós pode igualmente aplicar-se o que o Papa
disse aos Sacerdotes, para o Ano Sacerdotal, a saber: è necessário “favorecer aquela
tensão dos Sacerdotes rumo à perfeição espiritual, da qual sobretudo depende a eficácia
do seu ministério” (disc. de 16.3.09).
Hoje, na festa de são Lourenço,
diácono e mártir, convido-vos para duas reflexões. Uma sobre vosso ministério da Palavra
e outra sobre vosso ministério da Caridade.
Recordamos ainda com
gratidão o Sínodo sobre a Palavra de Deus, celebrado em outubro do ano passado. Nós,
ministros ordenados, recebemos do Senhor, mediante a Igreja, o encargo de pregar a
Palavra de Deus até os confins da terra, anunciando a pessoa de Jesus Cristo, morto
e ressuscitado, sua palavra e seu Reino, a toda criatura. Essa Palavra, como afirma
a Mensagem final do Sínodo, tem uma Sua voz, a Revelação, um Seu rosto, Jesus Cristo,
e um Seu caminho, a Missão. Conhecer a Revelação, aderir incondicionalmente a Jesus
Cristo, como discípulo fascinado e enamorado, partir de Jesus Cristo e com Ele para
a Missão, eis o que se espera, decididamente e num modo totalmente sem reservas, de
um Diácono permanente. Do bom discípulo nasce o bom missionário.
O
ministério da Palavra, que, especialmente para os Diáconos, possui em santo Estêvão,
diácono e mártir, um grande modelo, exige dos ministros ordenados um esforço constante
para estudar a Palavra e fazê-la sua, ao mesmo tempo em que a proclamam aos outros.
A meditação, em forma de “lectio divina”, ou seja, de leitura orante, é um método
hoje sempre mais utilizado e aconselhado para comprender, fazer sua e viver a Palavra
de Deus. Ao mesmo tempo, a formação intelectual, teológica e pastoral apresenta-se
como desafio para toda a vida. Um qualificado e atualizado ministério da Palavra depende
muito dessa formação aprofundada.
Estamos esperando também, para
um próximo futuro, o documento do Santo Padre sobre as conclusões do citado Sínodo.
Deverá ser acolhido com abertura de coração e com um sucessivo empenho de aprofundamento.
A segunda reflexão diz respeito ao ministério da Caridade, que pode ver em são Lourenço,
diácono e mártir, um grande modelo. O diaconato tem suas raízes na organização eclesial
da caridade, na Igreja primitiva. Em Roma, no séc. III, período de grandes perseguições
aos cristãos, aparece a figura extraordinária de são Lourenço, arquidiácono do Papa
são Sixto II, que lhe confiou a administração dos bens da comunidade. De são Lourenço
afirmou nosso amado Papa Bento XVI: “A solicitude pelos pobres, o generoso serviço
prestado à Igreja de Roma no setor da assistência e da caridade, a fidelidade ao Papa,
levada ao ponto de querer segui-lo na prova suprema do martírio, e o heróico testemunho
do sangue, prestado poucos dias depois, são fatos universalmente conhecidos” (homilia
na basílica de são Lourenço, 30.11.08). De são Lourenço é também conhecida a afirmação:
“A riqueza da Igreja são os pobres”. A estes ele assistia com grande generosidade.
Eis um exemplo ainda atual para os Diáconos permanentes. Devemos amar os pobres de
maneira preferencial, como o fez Jesus Cristo. Ser solidários com eles. Procurar construir
uma sociedade justa, fraterna e pacífica. A recente carta encíclica de Bento XVI,
“Caritas in Veritate” (A caridade na verdade), seja nosso guia atualizado. Nesta
encíclica o Santo Padre afirma como princípio fundamental: “A caridade é a via mestra
da doutrina social da Igreja” (n. 2). Os Diáconos, com efeito, identificam-se especialmente
com a caridade. Os pobres constituem um de seus ambientes cotidianos e objeto de sua
incansável solicitude. Não se comprenderia um Diácono que não se envolvesse pessoalmente
na caridade e na solidariedade para com os pobres, que hoje de novo se multiplicam.
Caríssimos Diáconos permanentes, Deus vos abençoe com todo o seu amor e vos
faça felizes na vocação e na missão. Às esposas e aos filhos daqueles que, dentre
vós, são casados, saúdo com respeito e admiração. A eles a Igreja agradece o apoio
e a multiforme colaboração que prestam aos seus esposos e, respectivamente, pais no
ministério diaconal. Enfim, o Ano Sacerdotal nos convida a manifestar nosso apreço
aos caríssimos Sacerdotes e a rezar com eles e por eles.
Vaticano, 10 de agosto
de 2009 (festa de são Lourenço, diácono e mártir).