Lagos, 12 ago (RV) - As nigerianas da conflituosa região do delta do rio Níger,
rica em petróleo, ameaçaram declarar greve na cozinha e parar de cozinhar para os
homens, a menos que os problemas de desenvolvimento da região sejam solucionados urgentemente.
Em
comunicado divulgado ontem, as mulheres dos estados de Akwa Ibom, Bayelsa, Cross River,
Delta, Edo e Rivers − todos produtores de petróleo − disseram que a anistia oferecida
pelo Governo aos grupos rebeldes da região não será capaz de instaurar a paz, se não
for apoiada por um maciço desenvolvimento.
As mulheres culparam a militância
e a criminalidade no delta do Níger pela situação de abandono, pobreza, degradação
ambiental e subdesenvolvimento da região.
"A anistia oferecida pelo Governo
não tem potencial para resolver as causas básicas da agitação no delta do Níger" –
diz a nota da mulheres.
"Cada arma entregue deve ser trocada por empregos,
bolsas de estudos e outras formas de desenvolvimento. Caso contrário, as mulheres
deixarão de lado suas "armas de guerra", ou seja, caçarolas, frigideiras, escumadeiras
e pilões" − avisaram as nigerianas.
No mês passado, o Movimento para a Emancipação
do Delta do Níger (MEND), o principal grupo guerrilheiro na região sul da Nigéria,
anunciou uma trégua de 60 dias em resposta à anistia oferecida pelo Governo.
O
cessar-fogo temporário entrou em vigor em 15 de julho, dois dias depois de as autoridades
de Abuja terem libertado o líder do movimento, Henry Okah, que estava sendo julgado
por contrabando de armas e traição, e aceitou a anistia oferecida pelo presidente
nigeriano, Umaru Yar'Adua. (AF) EFE