CARDEAL ARINZE: A EUCARISTIA NOS COMPROMETE A AJUDAR OS POBRES
Manila, 12 ago (RV) - A centralidade da Eucaristia e a atenção aos pobres estiveram
no centro das palavras do prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Francis Arinze, enviado especial do papa para
a IX Assembléia Plenária da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas.
A
abertura oficial dos trabalhos, após os primeiros encontros da segunda-feira, teve
lugar nesta terça-feira, dia 11, com uma solene concelebração eucarística na catedral
de Manila, nas Filipinas. A Assembléia tem como tema "Viver a Eucaristia na Ásia",
e prosseguirá até o próximo domingo, dia 16.
"Diante do impressionante desenvolvimento
econômico e tecnológico, a Ásia permanece com o seu povo pobre e sofredor, oprimido,
sem-teto e necessitado." Com essas palavras, o Cardeal Arinze fez um convite a se
considerar o contexto no qual a Igreja vive no continente que acolhe 60% da humanidade
e que, infelizmente, foi atingido por diversos desastres naturais.
O purpurado
nigeriano ressaltou que a Eucaristia é o bem espiritual da Igreja e é um bem que nos
transforma. "Viver a Santa Eucaristia significa levar Jesus aos pobres da Ásia" –
disse. "A Eucaristia nos compromete a ajudar os pobres" e a fazer-nos próximos a eles
– frisou.
O enviado especial do papa citou o exemplo da bem-aventurada Madre
Teresa de Calcutá e de suas irmãs, que "vivem a força transformadora da Eucaristia".
O
prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
enfatizou que é essa força transformadora que deve levar a "buscar os modos para ajudar
os pobres a saírem da sua condição de pobreza e a viverem uma vida humana digna o
mais possível".
Citando a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de
hoje – do Concílio Vaticano II – "Gaudium et spes", o Cardeal Arinze afirmou que "Deus
não quer que alguns tomem para si as coisas boas deste mundo, criando um oásis de
prazer excessivo, enquanto a maioria permanece num deserto de necessidade e de miséria".
Outro
ponto central evidenciado pelo purpurado africano foi "a importância da unidade da
comunhão entre o papa e os bispos, e depois entre os próprios bispos, sacerdotes,
leigos, e entre os consagrados".
O cardeal ressaltou que existe também a relação
com os outros: "com outros cristãos que ainda não partilham a plena unidade católica,
e com muitas outras pessoas de outras religiões".
Nesse contexto, referindo-se
à Eucaristia, o purpurado frisou que "a celebração eucarística não é uma função ecumênica",
mas é "uma celebração que requer plena comunhão eclesiástica".
Portanto – enfatizou
– é rara a possibilidade de administrar a Comunhão a um cristão cuja família religiosa
não adere completamente ao catolicismo e essa possibilidade está estreitamente subordinada
às condições estabelecidas pela Igreja em seus documentos oficiais.
O enviado
especial do papa observou ainda que quando se trata de muçulmanos, hinduístas, budistas
ou fiéis de outras religiões, é evidente a impossibilidade da Comunhão. Por fim, o
Cardeal Arinze recomendou a não convidar tais fiéis às celebrações sem as explicações
necessárias, ressaltando que "a evangelização não é proselitismo". (RL)