2009-08-10 20:03:34

"CARITAS IN VERITATE": A SIGNIFICATIVA CONTRIBUIÇÃO DE BENTO XVI NA DIFÍCIL BUSCA DE UMA FASE DE ESTABILIDADE


Cidade do Vaticano, 10 ago (RV) - A nova encíclica de Bento XVI, "Caritas in veritate", de 29 de junho passado, tem motivado a sua análise por parte de estudiosos de diferentes formações e suscitado o interesse das mais diversas categorias.

Ao comentar a encíclica social do papa, o historiador italiano Gaetano Quagliarello – que também é um dos diretores da revista de estudo sobre transições "Ventunesimo Secolo" – destaca que a análise de mercado e dos processos globais contida na "Caritas in veritate" está inserida numa moldura epocal que o Santo Padre reconstrói estabelecendo uma continuidade com o magistério pontifício, assegurada pelo princípio que o papa Ratzinger chama de fidelidade dinâmica. Continuidade com a "Populorum progressio" de Paulo VI.

Segundo o referido historiador existem algumas razões temáticas para afirmar essa conjunção. Mas existe, sobretudo, uma mais profunda razão analítica que perpassa todo o pontificado de Bento XVI.

De fato, Paulo VI é o papa do Concílio. E Bento XVI, evocando-o, quer justamente reafirmar que o Vaticano II não constitui aquele momento de reviravolta e de ruptura longamente acreditado pelas correntes católicas chamadas "sociais", mas que, na história da Igreja, existe uma continuidade mais profunda que contempla também a leitura e a interpretação do Concílio.

A esse propósito, o historiador observa que, não por acaso, a quase toda referência à "Populorum progressio" corresponde uma referência que evoca a "Rerum novarum" do Papa Leão XIII.

Prosseguindo a sua análise, o diretor da referida revista italiana ressalta que a globalização – como nos recorda o pontífice – apresenta grandes dificuldades e perigos, diante das quais, porém, a resposta não pode e não deve ser o retorno a formas de controle estatal e de fechamento autárquico. Citando o papa, ressalta que é necessário, sobretudo, "tomar consciência daquela alma antropológica e ética que impele a própria globalização a metas de humanização solidária".

Segundo o historiador, trata-se de uma leitura de certo modo revolucionária, sobretudo aos olhos daqueles que, diante da atual crise financeira e econômica e de sua dureza, esperavam uma encíclica de renovada condenação ao modelo capitalista, e de relançamento daquelas leituras da Doutrina Social da Igreja de cunho cético em relação ao desenvolvimento e suas potencialidades.

Quagliarello observa que foi justamente invertendo essa perspectiva que Bento XVI quis fazer de modo que a mensagem da Igreja pudesse penetrar os processos globais chamando a atenção para as regras que se impõem ao funcionamento do mercado e às relações entre os Estados.

Por fim, o historiador italiano conclui afirmando que temos diante de nós um papa que do ponto de vista do estudo e da reflexão quis dar uma significativa contribuição na difícil busca de uma fase de estabilidade. (RL)







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