Castel Gandolfo, 09 ago (RV) - Bento XVI recebeu esta manhã cerca de 4 mil
fiéis e peregrinos, no pátio da residência de Castel Gandolfo, para a oração dominical
do Ângelus.
Assim como no domingo passado, hoje também – no contexto do Ano
Sacerdotal – o papa meditou sobre alguns santos recordados pela liturgia nestes dias:
Santa Clara de Assis e dois mártires executados no campo de Auschwitz: Santa Teresa
Benedita da Cruz - Edith Stein, judia convertida ao catolicismo, e São Maximiliano
Kolbe, filho da Polônia.
“Estes santos – lembrou o papa – são testemunhas
da caridade que ama até o fim, não levando em conta o mal recebido, mas combatendo-o
com o bem. Devemos – especialmente nós, sacerdotes – nos inspirar neles, em seu heroísmo
evangélico que nos leva, sem temer, a darmos a vida pela salvação das almas. O amor
vence a morte” – proclamou Bento XVI, recordando que todos os santos, especialmente
os mártires, são testemunhas de Deus, que é amor: Deus caritas est.
Nascido
na Baviera, em 1927, Bento XVI afirmou que os campos de concentração nazistas, como
todo campo de extermínio, podem ser considerados símbolos extremos do mal, do inferno
que se abre sobre a terra quando o homem se esquece de Deus e se substitui a Ele,
apropriando-se do direito de decidir o que é o bem e o que é o mal, de dar a vida
e a morte. Infelizmente, no entanto, este triste fenômeno não se limita aos campos
de concentração. São o ápice de uma realidade ampla e muito comum, que tem confins
indefinidos”.
Bento XVI sublinhou as divergências existentes entre o humanismo
ateu e o humanismo cristão; uma antítese que se verificou em toda a história, mas
que no fim do segundo milênio alcançou seu ponto mais crucial.
“Por um lado,
existem filosofias e ideologias, mas cada vez mais há modos e pensar e agir que exaltam
a liberdade como único princípio do homem, como alternativa a Deus, transformando
o homem em um deus, mas é um deus errado, que se comporta arbitrariamente. Por outro,
existem os santos, que, praticando o Evangelho da caridade, dão razão à sua esperança;
apresentam o verdadeiro rosto de Deus, que é Amor, e ao mesmo tempo, o rosto autêntico
do homem, criado à imagem e semelhança divina”.
Antes de rezar a oração mariana,
o papa pediu para rezarmos a Nossa Senhora a fim de sermos santos como estas heróicas
testemunhas da fé e da entrega de si, até o martírio. “Este é – completou Bento XVI
– o único modo para oferecermos aos interrogativos humanos e espirituais suscitados
pela crise do mundo atual, uma resposta crível e exaustiva: a da caridade na verdade”.
Depois de rezar o Ângelus com os fiéis, o papa fez suas saudações em várias
línguas, recordando o testemunho dos santos e desejando a todos um bom domingo.
Em
conexão televisiva ao vivo com a Polônia, Bento XVI se disse particularmente próximo
aos fiéis que nestes dias de agosto fazem peregrinação a pé ao Santuário de Nossa
Senhora de Jasna Gora, em Czestochowa, e a outros santuários marianos.
“Que
seu caminho traga frutos abundantes: a conversão dos corações, o dom da divina misericórdia
e a proteção de Nossa Senhora. Confio às suas orações o meu ministério universal e
as intenções da Igreja”.
Com sempre, o pontífice concedeu a sua bênção a todos
os fiéis presentes, bem como aos que o acompanharam pelo rádio e pela televisão. (CM)