ORQUESTRA DE JOVENS PROMOVE HARMONIA E ENTENDIMENTO
Genebra, 08 ago (RV) - O maestro argentino Daniel Barenboim, em turnê pela
Europa, chegou ontem à Genebra, na Suíça, com sua orquestra de jovens músicos para
um concerto dedicado ao falecido professor palestino-americano Edward Said, e à eleição
de Jerusalém como “capital cultural árabe do ano”.
Em uma coletiva à imprensa,
misturando, como sempre, seriedade e humor, arte e política, o diretor disse que sua
orquestra West-Eastern Divan é uma expressão dos ideais de justiça, humanidade e compreensão,
frequentemente ausentes no conflito no Oriente Médio. “O compromisso com a harmonia
e o entendimento entre israelenses e palestinos se concretiza na música” – defende
Barenboim, que se sente “inspirado para continuar com este projeto humanista”.
A
orquestra, fundada por Barenboim e Said há 10 anos, inclui músicos israelenses, palestinos,
sírios, libaneses, jordanianos e de países muçulmanos não árabes, como Turquia e Espanha.
Conhecida como “Orquestra da Paz”, a instituição tem sede em Sevilha.
Barenboim
elogiou a Liga Árabe por ter escolhido Jerusalém como capital cultural, decisão que
enfureceu as autoridades israelenses, que consideram a cidade como a capital eterna
e indivisível do estado hebraico.
“No mundo árabe não há apenas muçulmanos.
Existem também cristãos e judeus” - disse Barenboim, nascido na Argentina e emigrado
em Israel aos nove anos. Ultimamente, o maestro é um reconhecido partidário da criação
de um Estado palestino e crítico do governo israelense.
“Jerusalém Ocidental
é a capital de Israel e Jerusalém Oriental será inevitavelmente a capital palestina;
a cidade não é israelense nem palestina: é patrimônio universal” – declarou.
O
maestro lamentou somente que não é possível que a orquestra toque em países do Oriente
Médio. Até hoje, isto aconteceu uma só vez: no histórico concerto em Ramallah, em
2005, graças à Espanha, que ofereceu passaportes diplomáticos a todos os seus membros.
(CM)