2009-08-08 12:05:04

IGREJA NEGA ENVOLVIMENTO EM CONFLITOS NA SELVA PERUANA


Lima, 08 ago (RV) - O arcebispo de Trujillo, no Peru, Dom Miguel Cabrejos Vidarte, também presidente da Conferência Episcopal Peruana, divulgou ontem um comunicado aos fiéis e pessoas de boa vontade, esclarecendo a posição da Igreja em relação aos episódios de violência ocorridos em junho passado, na Amazônia.

O episcopado lamenta profundamente as recentes declarações do Ministro da Justiça diante do Comitê para a Eliminação Racial da ONU, em Genebra. O ministro Aurélio Pastor teria envolvido um membro da Igreja Católica nos acontecimentos, acusando-o de instigar a violência na região de Bagua. Conflitos entre indígenas e policiais causaram a morte de 33 pessoas nesta localidade amazônica, em 5 de junho passado.

Pastor disse ao Comitê da ONU que “pessoas alheias às comunidades começaram a incitar a violência, de diversas formas. Um membro da Igreja – referiu o ministro – teria dito que havia fossas comuns e que os corpos estavam sendo jogados no rio. De forma irresponsável, uma emissora de rádio difundiu a notícia de que havia ocorrido um massacre de índios, o que era absolutamente falso”.

A declaração do arcebispo nega a versão ministerial: “A narração de Pastor não coincide com a realidade dos fatos na cidade de Bagua, onde a Igreja Católica não teve alguma participação, nem operativa, nem no desenlace lamentável” – escreve Dom Cabrejos Vidarte.

Naquele mesmo dia, 5 de junho, o Presidente da Conferência Episcopal escreveu um pronunciamento, lamentando o ocorrido e pedindo o fim da violência, a atenção humanitária imediata dos feridos e o restabelecimento do canal de diálogo, que nunca deveria ter sido interrompido. O então premiê, Yehude Simon, foi à sede da Conferência pedir apoio para a solução do conflito.

“Hoje, reiteramos o chamado para que todos nos comprometamos em restituir a paz social e evitar todo indício de violência. Aceitamos o pedido do ministro de participar de uma equipe de diálogo para buscar uma solução pacífica, junto com os bispos das regiões atingidas, com os governadores e os apus (chefes das tribos locais).

O presidente da Conferência afirma que depois do conflito, um sacerdote do Vicariato de Jaén, preocupado pelos fatos, recolheu opiniões dos moradores sobre uma possível fossa comum - que foi posteriormente desmentida – mas isto não pode ser interpretado como instigação à violência.

“A Igreja Católica atua há muitos anos na Amazônia, com 11 jurisdições eclesiásticas, e conhece bem aquela realidade. Não apenas promove a fé, mas trabalha na promoção integral de seus habitantes. Sempre defendendo a paz, a não-violência, a Igreja promove o diálogo e a solução pacífica dos conflitos. Sendo pré-existente ao Peru, à República, à Constituição, ajudou o país a formar-se como nação e tem uma importante presença social, que não pode ser subestimada” – conclui a nota. (CM)







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