Buenos Aires, 08 ago (RV) - O governo argentino comentou as declarações de
Bento XVI, pedindo um esforço para "reduzir o escândalo da pobreza e iniquidade social
na Argentina", afirmando que se trata de palavras que o pontífice já disse precedentemente,
seja à própria Argentina que a outras nações.
"As palavras do Santo Padre são
similares às que o papa já disse à Argentina em outras ocasiões, assim como as que
ele tem proferido em outros países do mundo. Não há nenhuma novidade. É uma característica
habitual (...). É natural" − disse o chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, na tentativa
de conter o impacto das críticas ao Governo, já que dirigentes e políticos da oposição
disseram concordar com o Bento XVI.
Aníbal Fernández criticou ainda, a posição
de alguns meios de comunicação, acusando-os de "manipular as palavras" do papa.
Por sua vez, o ex-presidente e agora deputado Néstor Kirchner disse concordar
com o pontífice, ao participar de um ato com prefeitos e parlamentares: "Nós temos
lutado desde 2003 e tenho autoridade moral para falar da pobreza" − sublinhou.
Em declarações via rádio, o embaixador argentino no Vaticano, Juan Pablo Cafiero,
explicou que o apelo contra a pobreza "sempre esteve presente na mensagem do papa"
ao se referir a qualquer país, "porque a Igreja tem uma linha de pensamento nesse
sentido".
Segundo o economista Javier González Fraga, a Argentina conta, a
cada dia que passa, "cinco mil pobres a mais". Por sua vez, Darío Cid, representante
da associação Pelota de Trapo, afirmou que a "pobreza nunca diminuiu", pelo contrário,
"se estendeu em quantidade e profundidade".
Também Marcelo de Benedictis,
porta-voz da Arquidiocese de Mendoza (oeste do país), disse que a Igreja observa um
aumento da pobreza e uma queda na qualidade de vida, particularmente entre os setores
mais pobres. (AF)