CIMI LAMENTA SITUAÇÃO DOS GUARANI. NO MÉXICO, RECORDADO MASSACRE DE ACTEAL
Brasília, 08 ago (RV) - A decisão do desembargador Luiz Stefanini, do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 3ª Região, de suspender as vistorias de novas áreas indígenas
no Mato Grosso do Sul deixou o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) desiludido.
Após um ano de atraso, os Guarani esperavam ansiosos pelo retomada dos trabalhos.
A entidade ligada à Igreja Católica difundiu nota oficial, alertando que o
adiamento dos estudos antropológicos agrava a situação dos índios, que aguardam pela
demarcação de novas áreas.
“Enquanto não se decide sobre os estudos de identificação,
os guarani-kaiowá continuam a sobreviver em barracos à beira de estradas ou confinados
em pequenas terras” - afirma o Cimi, segundo o qual, a situação dos índios guarani
é “angustiante”.
Como exemplo, o Conselho cita a situação de 36 famílias que
ocupam parte da fazenda Santo Antonio de Nova Esperança, no município de Rio Brilhante:
“Acampadas num pedaço de sua terra tradicional, vivem na iminência de um despejo”
- afirma a nota.
O Cimi também responsabiliza o governador André Puccinelli
(PMDB) pela suspensão das vistorias. “A ‘pressão’ do governador de outros políticos
do Estado e de fazendeiros sobre o Ministério da Justiça conseguiu suspender os estudos
até o início deste ano, quando foram publicadas novas instruções normativas para o
trabalho técnico”.
Na nota, o Cimi afirma que os levantamentos chegaram a ser
iniciados no dia 1º de agosto do ano passado, e foram suspensos depois que integrantes
do grupo técnico de identificação da Funai teriam sido ameaçados por pistoleiros numa
estrada da região sul do Estado.
Sem dúvida o tema estará na pauta da 29ª Assembleia
Regional, que tem início segunda-feira. O encontro anual do Conselho Indigenista Missionário
terá como tema: “Mudanças Culturais na vida dos Povos Indígenas!”. São aguardados
missionários das oito equipes do regional. Representantes dos povos indígenas
(Tembé, Kayapó, Borari e Guarani) explicarão as mudanças que ocorrem nas aldeias e
como a Igreja pode se preparar para enfrentar os novos desafios do trabalho junto
aos povos indígenas.
Também no México, os indígenas se manifestam: a Organização
da Sociedade Civil Las Abejas da Comunidade de Acteal, município de Chenalhó, Chiapas,
realiza, segunda e terça-feira, as Jornadas de Ação pela Verdade e Justiça "Acteal,
11 anos de impunidade. Uma nova ação para encobrir o crime de Estado". O evento terá
lugar na cidade de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas.
O objetivo da
jornada é denunciar a impunidade no julgamento do Massacre de Acteal (22 de dezembro
de 1997), quando paramilitares mataram 45 indígenas tsotsiles que estavam rezando
numa igreja na localidade de Acteal.
Entre as vítimas contavam-se dezesseis
crianças e adolescentes, vinte mulheres (algumas presumivelmente grávidas) e nove
homens adultos. (CM)