Cidade do Vaticano, 07 ago (RV) - Precisamente um mês atrás, após uma longa
espera, foi publicada a terceira encíclica de Bento XVI, “Caritas in veritate”, já
definida por muitos como a encíclica social do papa. O importante documento foi publicado
20 meses depois da precedente encíclica, “Spe salvi” (30 de novembro de 2007), e a
três anos e seis meses da primeira, “Deus caritas est” (25 de dezembro de 2005). Um
primeiro balanço, até o momento tentado por poucos, poderia se referir à profunda
ligação entre esses três textos pontifícios conectados entres si por quatro realidades
inseparáveis: Deus, Amor, Verdade e Esperança. Esses são também os temas mais recorrentes
e visíveis no magistério do Santo Padre desde o dia da sua eleição em 19 de abril
de 2005.
Permanecendo, porém, no âmbito da “Caritas in veritate”, em particular,
da sua difusão e divulgação na imprensa, sobretudo digital, se podem relevar diversos
dados de grande importância. O primeiro diz respeito à indiscutível acolhida que a
encíclica teve: em 30 dias, através da internet, em cinco línguas (italiano, francês,
espanhol, inglês e português), segundo os dados monitorados pela Rádio Vaticano, foram
publicados mais de 4.300 artigos e se se acrescentam os dados do “Meltwater Group”,
que dizem respeito a outras línguas, os artigos são mais de 6 mil. Obviamente a “receptividade”
da encíclica varia de continente a continente e, em boa parte, depende muito do grau
de desenvolvimento das tecnologias informáticas e dos modos muitas vezes diversos
de comunicar.
Em muitas nações a encíclica esteve por pelo menos duas semanas
em primeiro lugar, ou em certas realidades, nos três primeiros lugares dos textos
mais vendidos na livrarias; recordamos que o documento desde o momento em que foi
apresentado no Vaticano, se encontrava disponível em diversas línguas nos sites dos
principais jornais online, nos sites das Conferências Episcopais, nos sites católicos
ou em centenas de blogs. A esse propósito deve-se observar que a “Caritas in veritate”
é, em absoluto, a primeira encíclica a fazer as contas com o “social-network”, fenômeno
digital que explodiu nos últimos dois anos; e não há dúvida de que a mesma superou
a prova egregiamente.
As reações à encíclica desde o primeiro dia foram numerosas
e variadas. Em primeiro lugar tomaram a palavra os agentes da informação, jornalistas
e peritos em questões vaticanas ou em matérias econômicas e sociais. Em geral, os
pareceres dados foram muito positivos e numerosos artigos ilustrativos ofereceram
sínteses muito bem feitas apesar da dificuldade do texto.
Depois chegaram os
primeiros comentários e opiniões de políticos, muitas vezes expressos em sedes institucionais.
No âmbito do que uma vez o cardeal Joseph Ratzinger chamou de “diálogo entre Igreja
e Economia” neste último mês foram importantes e abundantes os comentários e análises
por parte de estudiosos das ciências econômicas, dos sociológicos e antropólogos,
e todos sublinhando a grande sintonia e simpatia pelo fundamento antropológico que
Bento XVI “reivindica” para cada processo de desenvolvimento integral e sustentável.
Do articulado mundo católico, e mais em geral dos cristãos, chegaram não somente
gratidão e apoio ao Santo Padre pelo dom da encíclica, o que poderia parecer evidente,
mas muito mais: uma total sintonia dos fundamentos apresentados pela “Caritas in veritate”
que propõe aos fiéis, em particular aos leigos, uma novo “projeto econômico” ancorado
nos ensinamentos da Doutrina Social da Igreja.
Segundo o que foi anunciado
em diversos países dos vários continentes os próximos meses serão um fecundo período
de reflexão sobre as grandes questões que o papa propõe para fazer com que a economia
tenha a capacidade de recolocar no seu centro não somente a pessoa e a sua dignidade,
mas também a dimensão ética. (SP)