2009-08-06 14:45:17

UNESCO ABRIGA TESOUROS DA ARTE MUNDIAL NO CORAÇÃO DE PARIS


Paris, 06 ago (RV) - O anjo de Nagasaki, uma escultura em pedra que foi danificada pelo lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa, em 1945, agora é uma das peças que adornam o Jardim da Paz, um dos tesouros artísticos da sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris.

A escultura fazia parte da fachada da igreja ortodoxa ucraniana de Nagasaki, e da única parede do templo que sobreviveu à explosão nuclear, no final da II Guerra Mundial. Desde 1978, faz parte do museu da UNESCO, como presente da cidade à organização.

Frente a essa testemunha da devastação humana, 80 toneladas de pedras vindas do Japão e dispostas num espaço de quase dois mil metros quadrados formam um jardim japonês concebido pelo paisagista e arquiteto Isamu Noguchi − explicou à agência de notícias espanhola, EFE, a espanhola Tania Fernández de Toledo, responsável pela coleção de arte da organização.

Esse reduto de tranquilidade é uma pequena relíquia escondida entre edifícios institucionais como o da Agência Espacial Europeia ou os ministérios franceses das Relações Exteriores e de Defesa, situados nas proximidades da sede da UNESCO.

Conhecida principalmente por suas listas de Patrimônios da Humanidade, a UNESCO abriga em sua sede uma coleção artística de mais de 600 obras que celebra, este ano, seu 60º aniversário.

Entre elas, está uma oliveira que, na verdade, é uma árvore-escultura idealizada pelo israelense Dani Karavan. Ela é a peça mais representativa da chamada Praça da Tolerância "Yitzhak Rabin", dedicada ao ex-primeiro-ministro de Israel e Prêmio Nobel da Paz, assassinado a tiros por um extremista judeu, em 1995.

Perto da árvore é possível ler a Constituição da UNESCO em dez línguas diferentes, entre elas o árabe e o hebraico, onde se destaca uma frase que lembra que, "já que as guerras começam na mente dos homens, é na mente dos homens onde os bastiões da paz devem ser erguidos".

Junto a obras de marcado simbolismo pacífico, a sede da UNESCO também acolhe peças que vão desde as relíquias cuneiformes iraquianas até trabalhos dos grandes gênios do século XX.

Em cada canto daquele que já foi o edifício mais moderno de Paris, idealizado por Bernard Zehrfuss, Pier Luigi Nervi e Marcel Breuer, há o rastro do esforço de criadores variados, que vão desde Pablo Picasso ao islandês Erró.



O espanhol desenhou para a UNESCO o seu trabalho de maior tamanho, um mural de noventa metros quadrados intitulado "A Queda de Ícaro", não muito longe de uma escultura de Alexander Calder, que é a maior peça do norte-americano instalada em solo europeu.

Junto a eles, a coleção conta em seus catálogos, com nomes como George Braque, Joan Miró, Eduardo Chillida, Antoni Tàpies, Alberto Giacometi, Goya, Roberto Matta, Piet Mondrian, Henry Moore e Rufino Tamayo, entre outros.

Em seu início, a UNESCO encomendava as obras aos artistas - caso de Moore, Picasso e Miró. A partir dos anos 70, todas as peças que passaram a fazer parte desse organismo das Nações Unidas são doações de países, e passam pela avaliação de um comitê internacional.

Atualmente, a UNESCO transformou suas mais de seis décadas de existência em uma excepcional galeria de arte, no coração de Paris, aberta ao público gratuitamente e bem menos frequentada do que museus badalados, como o Louvre. (AF)







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