5 MIL PARTICIPAM DE ROMARIA CONTRA TRABALHO ESCRAVO NO PIAUÍ

Teresina, 05 ago (RV) - Romeiros de todas as dioceses do Piauí participaram da 11ª Romaria da Terra e da Água, nos dias 1 e 2 de agosto, na cidade de Corrente do Piauí, Diocese de Bom Jesus do Gurguéia. A Romaria se realiza a cada dois anos, e o tema desta edição foi “Migração forçada e trabalho escravo” e o lema: “Desci para libertar o meu povo”.

A Romaria da Terra, promovida pelo Regional Nordeste 4 da CNBB (Piauí), reuniu cerca de 5 mil romeiros, de mais de 30 cidades das oito dioceses piauienses. A Arquidiocese de Teresina organizou caravanas, e 12 ônibus levaram os romeiros à Corrente.

Para a equipe organizadora do evento abordar a problemática da migração forçada foi de extrema importância para o povo do Piauí. Segundo estatísticas, este é o estado brasileiro que mais exporta mão-de-obra para o sucroalcooleiro e agronegócio (o corte de cana, a colheita de frutas e o trabalho manual em fazendas de criação de gado).

Para o arcebispo de Teresina, Dom Sérgio da Rocha, a participação das oito dioceses do Piauí na 11ª Romaria da Terra e da Água foi de suma importância, “pois assim se pôde tomar consciência da gravidade da situação que está no meio de nós” - afirmou. “O Regional é uma grande família que pode crescer em comunhão eclesial e em comunhão solidária com o povo mais sofrido”.

Durante um dos momentos fortes do evento, a “tribuna livre”, a organização e as entidades denunciaram as várias formas de trabalho escravo. O bispo de Bom Jesus, Dom Ramon López Carrozas, se disse satisfeito com a iniciativa, pois sua região é tida como a porta de saída de trabalhadores piauienses que se encontram em situação de vulnerabilidade.

Apesar da extinção da escravidão, a rádio, a televisão e outros meios de comunicação divulgam ainda episódios relativos ao fenômeno do trabalho escravo no Brasil.

Em 2008, segundo a CPT, Comissão Pastoral da Terra, mais de 5 mil trabalhadores foram resgatados no Brasil, a maior parte proveniente de indústrias de álcool, açúcar e do agronegócio de grãos nos cerrados.

“Dados oficiais apontam o Piauí como o estado campeão em exportação de mão-de-obra escrava, com ônibus que saem lotados de trabalhadores rumo a São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais” disse Irmã Darcilla Antoniolli, da Pastoral do Migrante e da coordenação do evento.

Esta situação foi denunciada pelo Arcebispo de Teresina, em recente visita à RV. Dom Sergio da Rocha adiantou também outro nefasto efeito deste fenômeno: o endividamento das famílias. Confira:



(CM)