Gojra, 02 ago (RV) - Horror no Paquistão: sete cristãos, entre os quais uma
criança e quatro mulheres, foram queimados vivos por um grupo de fundamentalistas
islâmicos nas proximidades de Gojra, província de Punjab. Outras 18 pessoas ficaram
feridas durante o incêndio de mais de 50 casas causado por uma multidão de muçulmanos
que protestavam pela suposta profanação de um exemplar do Alcorão.
O fato
ocorreu ontem na cidade de Gojra, que sofre com a violência religiosa desde quinta-feira,
dia no qual, segundo os muçulmanos, vários cristãos profanaram uma cópia do Alcorão,
informou o canal televisivo Dawn. “Alguns muçulmanos locais acusaram Talib Masih,
Mukhtar Masih e Imran Masih de queimar o Alcorão. Os acusados negaram veementemente
o fato, mas uma multidão de muçulmanos zangados queimou várias casas de cristãos”,
denunciou em comunicado a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão.
Segundo
fontes citadas pela imprensa local, a maior parte dos atos violentos foi cometida
por jovens que tinham os rostos cobertos com lenços e começaram a lançar gasolina
e atirar contra as casas. A maioria dos moradores da colônia conseguiu escapar e colocar-se
a salvo, mas pelo menos sete pessoas ficaram presas em suas casas devido às chamas
e morreram queimadas.
A Polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão,
e vários funcionários acudiram pouco depois ao local para convencer os líderes religiosos
que pusessem fim a seus protestos. Segundo a Comissão Nacional de Justiça e Paz,
organismo da Igreja católica paquistanesa, esses ataques são freqüentes no Punjab
e são quase sempre ligados a falsas acusações de blasfêmia.
O Papa na intenção
missionária de agosto convida a rezar precisamente pelos “cristãos que são discriminados
e perseguidos por causa do nome de Cristo”, a fim de que sejam reconhecidos a eles
“os direitos humanos, a igualdade e a liberdade religiosa” de modo que “possam viver
e professar livremente a sua fé”.
Os cristãos compõem menos de 2% da população
do Paquistão, um país majoritariamente muçulmano onde a profanação do Alcorão pode
terminar com a pena de morte. (SP)