AFRICANOS E ASIÁTICOS REVELAM NOVO ROSTO DE CRISTO
Roma, 1º ago (RV) - A Companhia de Jesus celebrou ontem o dia de Santo Inácio,
reunida na Igreja do Gesú, em Roma. A missa teve a participação de 120 padres e foi
presidida pelo Prepósito-geral, Pe. Adolfo Nicolás.
Pe. Nicolás acaba visitar
Filipinas, Indonésia, Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo; e esta viagem
inspirou a sua homilia. Para o prepósito, a Companhia de Jesus e toda a Igreja estão
atravessando um período de mudanças. “Mudança – disse – significa renovação, expectativa,
esperança, em uma só palavra: alegria. Estes dois continentes estão nos oferecendo
aspectos da humanidade e da espiritualidade que nós havíamos esquecido. O futuro na
Companhia está na África e na Ásia”.
O prepósito falou de sua visita a uma
escola primária de Kigali, em Ruanda. Ali, viu crianças pequenas dançarem juntas,
em sintonia e ritmo, como um cardume de peixes que nadam na mesma direção, sem jamais
colidirem uns com os outros. O sacerdote espanhol revelou à grande família inaciana
presente uma experiência inédita:
“Os africanos podem dançar bem, juntos, por
horas e horas, sem cansar. Eu também, pela primeira vez na vida, dancei em uma igreja,
na África. Os africanos dançam a sua dor, bailam a sua esperança, suas alegrias, seus
temores. Se eles escolheram a vida, terão vida” – disse, referindo-se ao fato que
os ruandeses souberam optar pela vida, depois dos sofrimentos do genocídio de 1994,
que deixou 200 mil mortos.
Pe. Nicolás, prepósito-geral desde março de 2008,
apontou os africanos e asiáticos como a “dimensão nova de Cristo”, frisando que estas
mudanças não devem fazer temer pela identidade da Companhia, pois elas não são uma
ameaça, mas uma oportunidade; um novo chamado, que deve manter os jesuítas unidos
em sua vocação. O prepósito citou Santo Inácio, e um de seus elementos centrais:
“Somente
se formos capazes de morrer, poderemos encontrar o rosto de Jesus, o novo rosto de
Jesus, nos outros. Uma vez mais, nossa identidade participará do paradoxo do Evangelho:
uma identidade que se afirma por uma negação. Vivemos, morrendo. Teremos sucesso quando
aceitarmos a derrota” - acrescentou.
Usando uma metáfora, ele explicou que
a identidade dos jesuítas é como um fogo que acende outros fogos; não é uma lamparina,
uma tocha, mas sim um fogo que queima dentro de nós. “Se não formos capazes de nos
queimar, até o fim, não teremos a identidade que Santo Inácio queria” – disse.
Pe.
Nicolás concluiu sua homilia pedindo as orações por toda a Companhia, pelos presentes
e ausentes, pelos amigos e familiares, para que tenham a liberdade interior de morrer
e viver, aceitar as mudanças, porque vivemos tempos de renovação. “Assim poderemos
encontrar um pouco mais Cristo, sua divindade e a humanidade do Senhor”.
Centenas
de pessoas, dentre irmãos jesuítas, estudantes, religiosas e leigos de espiritualidade
inaciana, ouviram a homilia proferida por Pe. Adolfo Nicolás. (CM)