Igreja Católica portuguesa satisfeita com esforço de regulamentação da Concordata
(29/7/2009) A Igreja Católica em Portugal mostra-se satisfeita com o esforço do Governo
em regulamentar a Concordata de 2004 no que diz respeito à assistência religiosa nos
hospitais, prisões, Forças Armadas e de Segurança, num acordo que também abrange as
restantes confissões religiosas. Os novos projectos legislativos deverão ser apresentados
no final do próximo Conselho de Ministros, esta Quinta-feira. Mas é necessária também
a "concordância da Santa Sé". O secretário da CEP, Pe. Manuel Morujão, admite a
necessidade de concluir nesta legislatura os processos em andamento, "já que foi com
estas pessoas que se foram tratando os assuntos", destacando o "acordo" entre todas
as partes. As novidades no campo das Forças Armadas e de Segurança (Marinha, Exército,
Força Aérea, GNR e PSP) relacionam-se com o facto de, pela primeira vez, "do ponto
de vista estatutário", se incluir na assistência religiosa as Polícias, sem que isso
queira dizer que, até hoje, essa prática não existisse, como sublinha D. Januário
Torgal Ferreira. Já o Pe. João Gonçalves, Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária,
defende que não estamos propriamente perante uma regulamentação da Concordata, que
implicaria "um projecto de presença da Igreja Católica, especificamente, nos estabelecimentos
prisionais". Em relação a horários, acessos, dado ser uma "regulamentação para
todas as religiões", a situação mantém-se, de forma geral, embora com "algumas cautelas".
Nada que limite a "eficiência" da actuação dos capelães na sua relação com os reclusos,
nas dimensões "religiosa, celebrativa e formativa". O Bispos das Forças Armadas
D. Januário Torgal Ferreira classifica como uma "vitória" o facto de o acordo
nas capelanias ter mostrado uma capacidade de diálogo "ecuménico e inter-religioso",
lembrando que a Igreja Católica defende desde 1991 a abertura da assistência espiritual
a fiéis de outras confissões. A importância da dimensão interconfessional dos acordos
é sublinhada também pelo Pe. José Nuno Silva, Coordenador Nacional das Capelanias
Hospitalares. O novo diploma permite a assistência religiosa nos hospitais a qualquer
doente, independentemente do credo ou opção espiritual, o que para o responsável por
este sector "é uma dado muito positivo". Apesar do acordo nas matérias acima referidas,
ficam por regulamentar várias áreas da Concordata, como a questão do Património da
Igreja, a fiscalidade e o Ensino da Moral e Religião Católica.