Kiev, 28 jul (RV) - O patriarca de Moscou e de Todas as Rússias, Kirill, rejeitou
ontem em Kiev, na Ucrânia, o projeto da criação de uma igreja independente de Moscou
nesta ex-república soviética, e defendeu a unidade dos ortodoxos russos e ucranianos.
O patriarca chegou à Ucrânia para uma visita com o objetivo de reafirmar a
influência religiosa e política de Moscou sobre o país. A Ucrânia tem 46 milhões de
habitantes e a segunda maior comunidade ortodoxa do mundo.
O patriarca se
opôs frontalmente ao presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, sobre a ideia de uma
Igreja ortodoxa ucraniana independente. "O maior desejo do povo ucraniano é viver
dentro de uma Igreja unida e independente" – declarou o chefe do Estado ucraniano
ao lado do patriarca. "Esta Igreja já existe, senhor presidente. Uma igreja independente
existe na Ucrânia" – respondeu . "Se ela não existisse, hoje a Ucrânia não existiria."
"Porém, feridas apareceram no corpo desta Igreja, e estas feridas têm que
ser curadas" – prosseguiu Kirill, referindo-se à existência de duas Igrejas ortodoxas
dissidentes na Ucrânia não reconhecidas pelo patriarcado de Moscou.
Os dois
líderes fizeram as declarações após depositarem flores em um monumento em lembrança
dos milhões de vítimas da grande fome de 1932 e 1933, durante o projeto soviético
de abolição da propriedade privada da terra.
A viagem de Kirill à Ucrânia
foi marcada por manifestações nacionalistas. Dezenas de pessoas se reuniram em Kiev
para protestar contra a vinda do patriarca russo.
Para evitar atos de violência,
a polícia bloqueou os lugares públicos visitados pelo patriarca. Kirill fica na Ucrânia
até o dia 5 de agosto. (BF)