Bagdá, 21 jul (RV) - A comunidade cristã iraquiana “participou regularmente
nas funções dominicais”, apesar do “clima de medo por possíveis novos ataques”. Aos
fiéis “pedi que tenham coragem”, mas continua o “temor” de uma possível “nova fuga
dos cristãos do Iraque”. Foi o que disse o bispo auxiliar de Bagdá, Dom Shlemon Warduni,
uma semana depois dos ataques que atingiram diversas igrejas em Bagdá e Mossul.
“Tivemos
uma grande participação de fiéis – disse Dom Warduni -, seja nas celebrações da manhã,
seja naquelas da tarde”. O prelado exortou a comunidade cristã “a participar na missa”
e os fiéis “responderam com coragem”. O bispo não esconde o perigo de “uma nova fuga
dos cristãos do Iraque” e explica que “é normal esse sentimento de medo, alimentado
pelas mortes, feridos e destruições”.
“Eu pedi aos fiéis que permaneçam – sublinha
o bispo – porém devemos também dar a eles garantias de segurança, possibilidade de
trabalho, de um futuro. Sem esses pressupostos, o que podemos dizer-lhes?”. Em Mossul,
a comunidade cristã denuncia a falta de uma tomada de posição forte após o ataque
contra a igreja de Nossa Senhora de Fátima no último dia 13 de julho. Fontes da agência
AsiaNews em Mossul confirmam a presença de forças de ordem nas proximidades das igrejas;
a polícia montou diversos postos de controle para garantir a regular realização das
celebrações dominicais.
O clima de desconfiança e insegurança geral faz com
que volte a ser de atualidade o projeto ligado ao Planalto de Nínive, ou seja, a criação
de um enclave cristão no norte do país. Essa área seria uma região de segurança entre
os curdos e os árabes. Tal projeto já foi rejeitado pela maioria dos líderes cristãos.
Baseando-se em razões humanitárias e de segurança, os líderes cristãos afirmam que
a idéia esconde na realidade interesses econômicos com a construção de casas e estradas.
O
Secretário do Conselho Mundial de Igrejas, reverendo Samuel Kobia, manifestou a sua
solidariedade aos cristãos iraquianos: “Mesmo em meio ao ódio e às contínuas agressões,
continuem a dar testemunho do amor e da paz em Jesus Cristo”, escreve Kobia, numa
carta. O reverendo anunciou ainda que o Conselho Mundial de Igrejas está organizando
uma visita ao Iraque. É provável que os representantes desse organismo visitem os
lugares dos atentados para demonstrar “solidariedade e apoio” (SP)