Cidade do Vaticano, 19 jul (RV) - A primeira leitura nos mostra a repreensão
que Deus, através do Profeta Jeremias, fez aos últimos reis de Israel daquele tempo,
Joaquim e Sedecias, por não terem cuidado do povo que então foi levado, como escravo,
para a Babilônia.
Como sempre, desde o Gênesis, Deus não se deixa derrotar
pelas más ações humanas e o amor vence. Imediatamente após a chamada e atenção e ao
aviso do castigo, o Senhor anuncia a vinda de pastores de verdade, que zelem pelo
rebanho e vai mais além, o Senhor vai suscitar um rei dentre os descendentes de Davi.
Esse rei "fará valer a justiça e a retidão na terra".
Isso aconteceu com a
vinda de Jesus Cristo, não trazendo de volta o esplendor de Salomão, mas a transformação
dos corações. Aí está o diferencial dos novos pastores, não dando primazia àquilo
que poderá corromper os humanos, mas àquilo que os tornará filhos de Deus e irmãos
de todos.
Nos últimos anos e ainda, nas últimas semanas, o noticiário esteve
e continua cheio de denúncias de maus pastores dentro de funções públicas. São pessoas
eleitas pelo voto popular que traíram a confiança nelas depositada.
Também
nós deveríamos, em um exame de consciência, verificar se não traímos a confiança em
nós depositada por Deus, pela família, pelos amigos e até por nós mesmos, quando fomos
infiéis aos nossos propósitos.
Para sabermos que estamos no bom caminho, se
a autoridade, seja ela qual for, tem aprovação divina ou não, deveremos examinar o
que é feito em favor da justiça e do direito, se a liderança é usada para servir,
mesmo perdendo privilégios.
No Evangelho, São Marcos nos dá uma grande lição:
a necessidade de ao terminarmos um trabalho, fazermos sua avaliação à luz de Deus.
É isso que significa os discípulos voltarem realizados de suas atividades pastorais
e relatarem para Jesus o que havia acontecido. É necessário que o agente pastoral,
que o leigo cristão, não sucumba no ativismo, mas o que fizer seja fruto da oração,
que tenha escutado Deus. Não basta uma simples reflexão humana, é preciso rezar, dialogar
com o Senhor e ouvir o que nos diz, em nossa mente e em nosso coração, de nossas atividades.
Também é importante sentir, na oração, a comunidade, a família.
Após o exame
com Jesus e um breve descanso, os discípulos voltam ao trabalho. É assim nossa vida?
A
segunda leitura nos traz São Paulo falando aos Efésios, dizendo que de dois povos,
Jesus fez um só, "estabelecendo a paz". Não existem mais judeus e pagãos.
O
bom pastor busca e leva à unidade. Ele reconcilia os homens entre si e com Deus. E
isso deve ser buscado sempre, mesmo com sacrifícios, pois Jesus a realizou em sua
cruz. Nela ele destruiu a inimizade.
Que nada em nossa vida fique sem ser passado
pelo filtro da fé, da caridade e que nossa presença seja propiciadora da amizade das
pessoas entre si e com Deus. Sejamos bons pastores, conduzamos a ovelhas a nós confiadas
ao prado da alegria, da justiça e da caridade. (CAS)