Cidade do Vaticano, 12 jul (RV) - A mensagem da liturgia deste domingo nos
propõe refletir sobre o papel do profeta, do homem enviado por Deus para nos comunicar
seus desejos e orientações, em relação à nossa vida.
Na primeira leitura vemos
o Profeta Amós sendo expulso, pelo sacerdote Amasias, da cidade de Betel, porque denunciou
as coisas erradas feitas pelo rei Jeroboão II. Amós respondeu que não poderia obedecer
a essa ordem, pois fora investido dessa função por Deus, quando era apenas, em sua
cidade, um pastor de gado e recebera, do Senhor, a missão de profetizar em Israel,
o que ora fazia. O profeta disse que a prosperidade em Israel é fruto de injustiças,
de exploração do pobre e do humilde e, portanto, todo o bem estar desfrutado pelas
classes poderosas, percebido inclusive na frequência ao Templo, era vazio e sustentado
pela exploração do pequeno. Evidentemente isso agridia o rei, os sacerdotes e toda
a classe de dirigentes e famílias bem constituídas.
No Evangelho, Jesus chama
seus discípulos e os envia às pessoas para libertá-las dos males. Ao mesmo tempo deu
orientações para saberem como deveriam realizar a incumbência. Será na simplicidade
e na total confiança no poder de Deus que a missão será exercida. Mas por que o Senhor
os enviou com observações claras sobre simplicidade? E quais eram os males dos quais
os apóstolos são enviados para libertar os homens?
O gênero humano é o mesmo,
desde a época de Amós, passando pela época de Jesus e chegando ao nosso tempo. Todos
são envolvidos pelos males, os mesmos que Jesus exorcizou em sua tentação no deserto:
a riqueza, o poder, a soberba. Todos esses, com suas versões contemporâneas, levam
o ser humano a ser opressor, egoísta e, profundamente infeliz. Podemos constatar isso
através de notícias atuais e até de nossa própria experiência.
Existe um dito
popular: “O homem feliz não tinha camisa!” Esse dito quer nos dizer que a felicidade
não está em possuir coisas. É a sabedoria popular nos alertando contra o desejo de
posse, contra a concupiscência do ter. Deus quer o homem feliz, o criou para isso,
mas a atração pelo consumismo e pela saciedade dos instintos pode levá-lo ao inferno,
isto é, à infelicidade absoluta, longe do irmão e de Deus.
Outro perigo que
essas duas leituras nos alertam, especialmente a primeira, é sobre o presente que
corrompe. Amasias, o sacerdote que expulsou o profeta Amós, fez isso não porque fosse
cego ou sem inteligência para perceber a situação de injustiça, mas porque era empregado
do rei. Era Jeroboão II quem pagava seu salário e, além de prestígio, certamente,
recebia dele homenagens, privilégios e portanto, não era livre para lutar pela verdade!
Também esse é um dos grandes males de que Jesus veio nos libertar, a conivência e
omissão, principalmente quando temos culpa no cartório.
Já Amós, era livre
e independente. Seu único patrão, seu único senhor era Deus e, também, sua consciência.
Por
outro lado dizemos, de acordo com a segunda leitura, que Deus, nosso Pai e nosso Senhor
nos cumulou, em Jesus Cristo, com todos os bens imperecíveis. A partir da vocação
de sermos irmãos em Cristo, o Pai nos deu a felicidade completa, o céu, a proximidade
Dele, e dos irmãos, para sempre. Jesus, o homem livre, deverá ser o nosso exemplo
de filho, de irmão, de missionário. Além de ser livre, nos indicou o caminho para
a liberdade, ao declarar que a verdade liberta. (CAS)