Cabul, 10 jul (RV) - As violências perpetradas contra as mulheres e o estupro
são fenômenos de grandes proporções no Afeganistão, segundo um novo relatório apresentado
pelas Nações Unidas.
"O relatório apresenta de forma detalhada e profunda a
difícil situação em que vivem, hoje, as mulheres afegãs" - declarou a alta comissária
da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, a propósito do relatório.
Ela
disse ainda que o "espaço limitado que se abriu às mulheres afegãs no final do regime
talibã, em 2001, está sob contínuo ataque, não somente por parte dos talibãs, mas
também por causa de práticas e costumes culturais profundamente arraigados".
O
relatório divulgado hoje, em Cabul, pelas Nações Unidas e pela atriz indiana, Shabana
Azmi, ativista de direitos humanos toca vários aspectos desse flagelo, inclusive os
delitos de honra e a troca de mulheres e meninas como forma de resolução de controvérsias.
As mulheres afegãs ativas nos setores da vida pública "se tornaram alvos de pessoas
que se opõem ao governo ou de pessoas que detêm o poder religioso, de seus próprios
familiares, da comunidade e, em alguns, casos das autoridades governamentais.
Não
obstante a Constituição afegã permita a presença de 25% de membros do sexo feminino
no Parlamento, o relatório constata que "um certo número de parlamentares mulheres
já afirmaram que por causa da falta de segurança e de ameaças de morte que continuamente
recebem, não irão se candidatar para as eleições de 2010".
Em relação à violência
sexual, o relatório afirma que o estupro é muito difundido no país e que é muito provável
que as vítimas sejam punidas e não os culpados.
Em vários casos as mulheres
que procuram a ajuda da Justiça são depois perseguidas. A alta comissária sublinhou
que o Governo tem o dever de desarraigar tais práticas, educando a população e demonstrando
vontade e o empenho em salvaguardar os direitos de todas as mulheres e jovens afegãs.
(MJ)