Brasília, 09 jul (RV) - Com a participação de representantes das Igrejas Católica
e Evangélica, do Ministério das Relações Exteriores e de parlamentares, foi discutido
na última segunda-feira, em Brasília, o Acordo Brasil-Santa Sé.
O debate durou
duas horas e, ao final, foi solicitado um novo encontro, tendo em vista a complexidade
da questão. A Igreja Católica estava representada, na Comissão de Relações Exteriores
e de Defesa Nacional, pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG).
Dom Geraldo explicou
aos outros membros, a diferença entre Santa Sé e Vaticano, que são entidades distintas.
"A Santa Sé tem personalidade jurídica, é o governo central da Igreja Católica. Temos
embaixadores da Santa Sé no Brasil. O Estado da Cidade do Vaticano é um Estado simbólico."
O arcebispo assinalou: "Não temos dispositivos legais que respaldem a nossa
personalidade jurídica. Este acordo servirá para normatizar a questão da personalidade
jurídica da Igreja Católica." E enfatizou que para a Igreja Católica, o Estado laico
é um valor.
Dias atrás, o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira
de Azevedo, pediu que o Congresso brasileiro ratificasse o acordo: "Espera-se boa
vontade política e esforço por parte da Câmara dos Deputados, para a inclusão imediata,
na pauta, da ratificação do Acordo Brasil-Santa Sé. Será um bem, uma sábia decisão
na Câmara" – disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o acordo
em 13 de novembro passado, no Vaticano, durante uma visita oficial a Bento XVI.
Segundo
Dom Walmor, "esse acordo marca a história das relações entre o Brasil e Igreja Católica.
Tal relação é enraizada e significativa para a cultura e a sociedade brasileiras.
A Igreja Católica no Brasil é a própria história do nosso país, do começo até os dias
de hoje".
História que "inclui 72% da população de 190 milhões de habitantes,
439 bispos, mais de dezenove mil sacerdotes e quarenta mil religiosas". "O ponto de
partida para a assinatura e a ratificação do Acordo Brasil-Santa Sé é a intenção comum
de reunir num único instrumento jurídico as situações existentes "de iure" e "de facto",
e consolidar os múltiplos aspectos dessas relações" – sublinhou Dom Walmor. (CM)