Caritas Internacional pronuncia-se sobre a nova encíclica de Bento XVI: destaca nova
visão da economia, da política e da sociedade
(8/7/2009) Para a Caritas Internacional, o destaque que a nova encíclica de Bento
XVI coloca na justiça e no bem comum oferece uma nova visão da economia, da política
e da sociedade baseada na responsabilidade partilhada do cuidado pela humanidade e
pelo ambiente. "A encíclica apresenta passos concretos que os dirigentes políticos
deveriam estudar, a fim de nos recolocarmos no caminho de um verdadeiro desenvolvimento.
A encíclica lembra-nos que a finança e os negócios podem favorecer toda a humanidade,
e não apenas os accionistas. Um regresso a um modelo equitativo baseado na responsabilidade
comum é primordial para terminar com a diferença entre aqueles que têm muito e aqueles
que nada têm", refere a Secretária-Geral da instituição. O novo documento do Papa
retoma a encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, mais de 40 anos após
a sua publicação, à luz da globalização e do colapso da economia de mercado desregulamentada
que ocorreu em 2008. Lesley-Anne Knight declarou que "a Caritas in veritate
realça a maneira como a procura cega de lucros, em detrimento da ética, se tornou
ruinosa para as pessoas e para o planeta. A encíclica surge num momento crucial para
o desenvolvimento, dado que estão em risco décadas de progresso. O número de pessoas
que passam fome aumentou dos cem milhões para mais de um bilhão o ano passado." "A
crise expôs falhas do sistema geradas por uma especulação imprudente em proveito de
um pequeno número de pessoas e à custa de milhões de famílias pobres. Mas a crise
oferece uma oportunidade única de fazer com que a globalização seja proveitosa para
a maioria", indicou. "A Caritas apoia os esforços do Papa Bento XVI para melhorar
a ajuda. Numa altura em que a cimeira do G8 se realiza em L'Aquila [Itália], os países
ricos, como a França e a Itália, estão a reduzir a ajuda aos mais pobres. Apelamos
a esses estados que mantenham a promessa de reservar 0,7 porcento do seu Produto Interno
Bruto para a ajuda ao exterior e para fazerem com que esse auxílio beneficie mais
os desfavorecidos do que o doador", acrescenta. A Secretária-Geral da Cáritas Internacional
diz ainda que "o desafio do Papa para a reforma das Nações Unidas e das instituições
económicas chega no momento oportuno. As Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional
e o Banco Mundial devem poder garantir aos países pobres uma participação mais importante
nos processos de decisão." "Bento XVI fala de uma ‘responsabilidade solene' de
proteger o ambiente. Esperamos que os líderes mundiais escutem os seus apelos para
um consenso internacional e que os poluidores tenham que pagar os custos no âmbito
das negociações que decorrerão em Copenhaga, no próximo mês de Dezembro. Como afirma
o Papa, se queremos proteger os recursos, os habitantes dos países ricos têm que mudar
o seu estilo de vida e os seus consumos irresponsáveis", sublinha. A Cáritas apoia
a afirmação de que "a verdadeira caridade se interessa pelas causas da pobreza e pelos
meios empregados para a ultrapassar".