Tegucigalpa, 06 jul (RV) - A crise se agrava em Honduras. O avião que transportava
o presidente deposto, Manuel Zelaya, chegou a entrar no espaço aéreo do país, mas
não conseguiu aterrissar no aeroporto internacional de Toncontín, em Tegucigalpa,
e se dirigiu a Manágua, capital da Nicarágua.
O piloto da aeronave explicou
que não foi possível pousar devido a um bloqueio montado por oficiais das Forças Armadas
na pista do aeroporto. Os militares fizeram uma barricada com veículos no local.
O presidente deposto confirmou que sua tentativa de retornar ao país foi frustrada
e voltou a pedir o apoio da comunidade internacional, sobretudo dos Estados Unidos.
Também estava no avião o presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto.
Zelaya
afirmou ainda que os pilotos de sua aeronave foram ameaçados pela torre de controle,
que advertiram sobre uma possível interceptação pela Força Aérea.
Questionado
sobre o que pretendia fazer, o presidente prometeu que tentará regressar novamente
e adiantou que voltará a dialogar com as autoridades que o acompanharam. São elas:
os presidentes do Equador, Rafael Correa, do Paraguai, Fernando Lugo, e da Argentina,
Cristina Kirchner, além do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos
(OEA), José Miguel Insulza.
Antes que o avião chegasse ao aeroporto, simpatizantes
de Zelaya que o aguardavam no local foram reprimidos pelo Exército. Há informações
de que uma pessoa tenha morrido.
No sábado, a Conferência Episcopal se reuniu
novamente para analisar a grave situação em Honduras.
O arcebispo de Tegucigalpa,
Cardeal Oscar Andres Rodríguez Maradiaga, divulgou uma mensagem para rádio e televisão,
em que reafirma a posição da Igreja, que insiste em um diálogo verdadeiro entre todos
os setores da sociedade, para que se chegue a soluções construtivas.
O arcebispo
de Tegucigalpa fez um apelo a Zelaya para que não regresse a Honduras. Esta ação precipitada,
afirma o cardeal, pode desencadear um banho de sangue.
Em entrevista à emissora
pública italiana, RAI o Cardeal Rodriguez Maradiaga afirmou que recebeu "ameaças"
contra a Igreja e contra sua pessoa e acrescentou que está preparado a tudo, inclusive
ao martírio. (BF)