Bilbao, 02 jul (RV) - Os 4 bispos do País Basco espanhóis anunciaram que no
dia 11 de julho, celebrarão uma missa em memória dos 14 padres bascos fuzilados pelos
franquistas entre 1936 e 1937. Em uma mensagem conjunta, os bispos de Bilbao, (auxiliar
e coadjutor), San Sebastian e Vitoria, anunciam que a intenção será ‘purificar a memória,
servir a verdade, pedir perdão’. “Não queremos reabrir as feridas, mas ajudar a cicatrizá-las
ou aliviá-las” – explicam.
“Os 14 padres, que combateram contra as forças do
ditador Francisco Franco ao lado dos republicanos, foram mortos pelos vencedores do
conflito, e por isso, hoje estão relegados ao silêncio. Não tiveram direito a funeral
nem viram os seus nomes inscritos em registros diocesanos e paroquiais”.
A
Guerra Civil espanhola registrou a maior perseguição à Igreja Católica do século XX.
Entre 1936 e 1939, foram assassinados um total de 13 bispos, 4.172 padres e seminaristas
diocesanos, 2.364 monges e frades e 238 religiosas.
Muitas vítimas foram recordadas
e homenageadas. O Vaticano já beatificou ou canonizou cerca de mil, e há ainda pelo
menos dois mil processos abertos. Contudo, os 14 sacerdotes ‘republicanos’ – que faziam
capelania às forças que combateram Franco – permaneceram todo esse tempo no esquecimento
oficial.
Agora, 60 anos mais tarde, a carta pastoral dos bispos do País Basco,
intitulada “Purificar a memória, servir a verdade, pedir perdão”, reabilita os 14
padres ‘partisan’.
Entretanto, a cidade de Madri começou a retirar todos os
títulos honorários concedidos pela capital espanhola a Francisco Franco durante sua
ditadura (1939-75).
“El caudillo”, que governou a Espanha com mãos-de-ferro
durante 36 anos depois da Guerra Civil (1936-39), deixará de ser ‘prefeito honorário’
e ‘filho adotivo’ da capital espanhola, dois títulos que lhe foram atribuídos em 1964.
Também serão retiradas as medalhas de ouro e de honra da cidade, concedidas em 1942
e em 1959.
O pedido de exclusão dos títulos foi apresentado por vereadores
do partido ecológico-comunista Esquerda Unida (IU), que exigiram a aplicação da lei
chamada de "memória histórica", adotada em 2007 pelo Parlamento espanhol. A lei prevê
a retirada de todos os símbolos do franquismo da cidade.
Segundo um informe
oficial citado no final de maio por um cotidiano nacional, ainda restam na Espanha
585 símbolos do franquismo em edifícios pertencentes ao Estado. (CM)