Cidade do Vaticano, 28 jun (RV) - Quando desejamos refletir bem, sem influência
alguma de pessoas ou situações, nos retiramos para um local afastado e silencioso.
Queremos estar a sós conosco na natureza e na presença de Deus. Foi o que Jesus fez
com seus discípulos quando escolheu aquele que iria governar seu rebanho. O Senhor
se dirigiu com eles a Cesaréia de Filipe, um lugar afastado do mundo judeu e significativo
pela natureza, próximo ao monte Hermom e a uma das fontes do Jordão. Lá, na solidão
e apenas na presença do Pai, checou o coração de Simão e o fez seu vigário. O eleito
estava tão purificado, tão livre de apegos e amarras mundanas e tão cheio do Espírito
que declarou a identidade de Jesus, reconhecendo-o como o Messias de Deus.
Por
outro lado, Jesus confirmou seu nascimento na fé, dando-lhe outro nome, o de Pedro,
pedra e indicando seu novo e definitivo encargo: confirmar seus irmãos na fé.
Além
de graças para viver plenamente essa missão, Pedro as recebeu também para levá-la
até o fim, quando dará glória a Deus através de sua morte na cruz, como o Mestre,
só que de cabeça para baixo.
Simão nasceu de novo, recebeu outro nome, outra
função na sociedade, aumentou enormemente seu compromisso na fé. Ao entregar-se na
condução de seus irmãos, Pedro viveu momentos de alegria e de tristeza, de certezas
e de abandono total na fé. O que passou a guiar sua vida, a ser fiel na missão recebida
e abraçada foi a certeza da fidelidade do Senhor. Agora Pedro vai deixando Deus ser
o oleiro, fazer dele um homem à imagem de Jesus. Por isso ele é pedra, não por causa
de sua dureza, mas por causa de sua solidez e confiabilidade. Da dureza da pedra Pedro
apenas guardou a resistência às investidas do inimigo. Nada pode vencê-lo.
Como
chefe da Igreja, Pedro recebeu o poder de ligar e desligar, isto é, declarar o que
está de acordo ou em desacordo com o projeto de Jesus. Por isso ele foi sempre esse
homem renascido para a missão. Não será por este motivo que os papas mudam de nome?
Mas
hoje também é o dia de São Paulo, a outra coluna da Igreja. Pedro é a coluna que nos
confirma na fé e Paulo é a que evangeliza.
A liturgia nos propõe como reflexão
a carta a Timóteo, onde o Apóstolo faz seu testamento e a revisão de sua vida cristã.
De qualquer modo, Paulo, antes da conversão Saulo, também será assemelhado a Jesus,
vítima sacrificada em favor de muitos. Ele deduz que o momento de seu martírio, de
dar testemunho de Deus, está próximo.
Nessa ocasião foi feita a revisão de
vida. Paulo teve consciência de que foi fiel à missão, que cumpriu o encargo de anunciar
ao mundo o Evangelho. Teve consciência do quanto sofreu e padeceu por esse motivo
e agradeceu a Deus por ter guardado a fé.
Em seguida Paulo expressou sua certeza
no encontro com o Senhor, quando então será recompensado por tudo, através da convivência
eterna com Ele.
Queridos irmãos, festejar os santos é praticar seus ensinamentos
e seguir seus testemunhos de fé.
Que o Senhor nos ajude a louvar São Pedro
e São Paulo, fazendo com que cada dia, cada despertar nós seja par nós um novo dia,
o reinício da vida nova iniciada com o nosso batismo. Para isso é necessário abandonarmo-nos
nas mãos de Deus, permitindo a Ele nos refazer, nos moldar segundo seu coração e confiando
no resultado final que, como Paulo, só veremos no final da vida.
Que as alegrias
e os êxitos, as dificuldades e os sofrimentos do dia-a-dia não impeçam nosso crescimento
na fé, mas amadureçam e solidifiquem a ação do Espírito.
Finalmente, sirva-nos
de referencial para a fidelidade a Cristo e sua Igreja, a conformidade de nossa vida
aos ensinamentos de Pedro.
Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja
uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã!
(CAS)