Madrid, 25 jun (RV) - A crise econômica multiplicou o número de pessoas que
solicitam ajuda básica para ‘subsistir’, comprar alimentos e evitar perder suas casas
- informou ontem a Caritas, organização de ajuda da Igreja católica, que assistiu
em 2008, 50% a mais de pessoas do que em 2007.
Em coletiva de imprensa, o
secretário geral da Caritas na Espanha, Silverio Agea, informou que os pedidos de
ajuda em alimentos e artigos básicos aumentaram 89,6% em relação a 2007 e os auxílios
para pagar aluguéis ou hipotecas (e não perder a casa) cresceram em 65,2%.
Também
mudou o perfil das pessoas necessitadas: aumentou o número das famílias jovens com
filhos pequenos, desempregados recentes, pessoas que podem perder o subsidio, e mulheres
chefes de família.
Dirigem-se à Caritas também homens sem casa, separados
ou divorciados, e trabalhadores autônomos que foram obrigados a fechar suas atividades
comerciais por causa da crise.
Agea denunciou à imprensa que “diante desta
situação, os serviços sociais públicos responderam com ‘pouca previsibilidade e agilidade’
e com ‘grave irresponsabilidade’, pois 52% das pessoas que chegam à Caritas o fazem
por indicação do próprio governo, incapaz de atender a esta avalanche de pedidos”.
O funcionário da Caritas declarou que as verbas públicas destinadas às ajudas básicas
permaneceram iguais às de 2007, o que demonstra uma grave falta de previsão diante
da crise.
Os governos locais também não souberam se adaptar à nova situação:
os trâmites para receber ajudas duram 98 dias, “três meses nos quais as pessoas têm
que comer, vestir-se e pagar suas dívidas”.
A Caritas lançou um apelo em favor
de um pacto de Estado que facilite um crédito especial às administrações locais,
que lhes permita assistir as pessoas necessitadas antes que caiam na mais absoluta
pobreza e exclusão.
O número de desempregados na Espanha está ao redor de
4 milhões, dos quais mais de 1 milhão perdeu seu trabalho no último ano.