TRIBUNAL INTERNACIONAL CONDENA EX-DIRIGENTE DE RUANDA POR GENOCÍDIO
Kigali, 22 jun (RV) - O Tribunal Penal Internacional para Ruanda condenou,
nesta segunda-feira, um ex-alto dirigente ruandês a 30 anos de reclusão, por "genocídio
e incitação ao genocídio". Callixte Kalimanzira, de 54 anos, era diretor de Gabinete,
no Ministério do Interior, durante o genocídio perpetrado em 1994.
Do julgamento
emergiu que ele, embora não tenha executado pessoalmente, incentivou os tutsis a se
reunirem na colina de Kabuye "mesmo sabendo que milhares deles seriam mortos".
"Em
23 de abril de 1994, Kalimanzira veio a Kabuye, acompanhado de soldados e policiais.
Os refugiados tutsis tinham, até então, repelido os ataques com paus e pedras, mas
não podiam resistir às balas" − relatou o juiz Dennis Byron.
O massacre de
Kabuye, que durou vários dias, foi "uma enorme tragédia humana" − afirmou o juiz,
ressaltando que Kalimanzira "tinha a intenção de destruir, total ou parcialmente,
o grupo étnico tutsi como tal".
Kalimanzira foi preso em 2005 e se declarou
inocente dos crimes que lhe foram imputados. O Tribunal Penal Internacional para Ruanda
já julgou 38 imputados pelo genocídio de 1994; destes, apenas seis foram absolvidos.
Criado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em novembro de 1994,
o Tribunal Penal Internacional para Ruanda tem como missão buscar e julgar os principais
responsáveis pelo genocídio em Ruanda, que deixou um saldo, segundo a ONU, de cerca
de 800 mil mortos entre a minoria tutsi e os hutus moderados.
O tribunal tem
até o final do próximo ano para completar os julgamentos, e até 2010 para analisar
todos os recursos pendentes, antes de encerrar os trabalhos. (AF)