AGÊNCIA DA ONU PARA AJUDA ALIMENTAR REVELA "AUMENTO ALARMANTE DA FOME"
Roma, 14 jun (RV) - Armênia, Bangladesh, Gana, Nicarágua e Zâmbia: esses são
os países objeto de um estudo inovador do Programa Mundial de Alimentos (PAM) da ONU
acerca dos efeitos da crise financeira sobre as famílias, muitas das quais já em risco
de fome.
Ao comentar os resultados, a diretora-executiva do PAM, Josette Sheeran,
fez um apelo aos governos a fim de que reforcem os programas de proteção social.
"Em
cada um dos cinco países estudados – afirmou Sheeran – as projeções indicam um aumento
alarmante da fome e das dificuldades que poderiam se verificar também em doze outros
países em via de desenvolvimento. Para aqueles que vivem com menos de 2 dólares por
dia, a crise financeira está crescendo os níveis de fome e o pior ainda dever estar
por vir" – ressaltou ela.
Segundo especialistas do PAM, nestes países "a maioria
das famílias é obrigada a cortar o número de refeições diárias" e a adquirir "alimento
mais econômico e menos nutriente". Sobretudo na Nicarágua e Zâmbia, "algumas famílias
gastam menos com a saúde ou retiram seus filhos da escola". Ademais, por causa da
desaceleração da economia, muitos trabalhadores emigrados não mais conseguem enviar
dinheiro para casa.
O estudo da agência da ONU responsável pela ajuda alimentar
revela que os grupos mais atingidos pela crise financeira são os trabalhadores não
especializados das áreas urbanas, as famílias que dependem das remessas do exterior
(em particular na Armênia, onde essas remessas representam 20% do PIB nacional e constituem,
em Nicarágua e Bangladesh, a principal fonte de renda para cerca de um quarto dos
núcleos familiares), e os trabalhadores expulsos dos setores de exportação (Nicarágua,
Gana e Bangladesh) e os que trabalham no setor de mineração e do turismo (Zâmbia).
Para
o exercício 2009, o PAM precisa de 6, 4 bilhões de dólares para enfrentar as necessidades
alimentares urgentes de 105 milhões de pessoas: "um custo não exagerado em relação
aos trilhões de dólares destinados aos pacotes de salvação das instituições financeiras
ou da indústria automobilística" – concluiu a diretora-executiva do PAM, Josette Sheeran.
(RL)