Publicada em breve a Encíclica social: confirmou-o o próprio Bento XVI. Apontará objectivos
a visar e valores a promover para uma convivência humana livre e solidária
Para breve a publicação da Encíclica social. Assegurou-o Bento XVI recebendo neste
sábado os membros da Fundação “Centesimus Annus – Pro Pontifice": “Será
proximamente publicada a minha Encíclica dedicada precisamente ao vasto tema da economia
e do trabalho. Nela serão postos em evidência os objectivos que para nós cristãos
há que seguir, assim como os valores a promover e a defender incansavelmente, para
realizar uma convivência humana verdadeiramente livre e solidária”. “Centesimus
annus” é o nome da Encíclica social publicada por João Paulo II em 1991, no centenário
da “Rerum novarum”, do Papa Leão XIII, primeiro grande acto do magistério pontifício
sobre os problemas sociais e do mundo do trabalho e da economia. A Fundação “Centesimus
Annus”, do Vaticano, tem como finalidades promover entre pessoas qualificadas o conhecimento
da doutrina social cristã e favorecer iniciativas visando desenvolver a presença e
acção da Igreja Católica nos vários âmbitos da sociedade. Precisamente ontem,
sexta-feira, esta Fundação promoveu em Roma um Convénio internacional para reflectir
sobre “os valores e as regras a que o mundo da economia se deveria ater para suscitar
um novo modelo de desenvolvimento mais atento às exigências da solidariedade e mais
respeitoso da dignidade humana”. Bento XVI congratulou-se com o facto de se terem
nomeadamente examinado “as interdependências entre instituições, sociedade e mercado”,
partindo de uma reflexão já expressa por João Paulo II, há 18 anos, na referida Encíclica
social: “a economia de mercado - entendida como sistema económico que reconhece
o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da
consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana
no sector da economia – só poderá ser reconhecida como via de progresso económico
e civil se for orientada para o bem comum”. Esta reflexão – insistiu
o Papa – deverá ser acompanhada de uma outra: “a liberdade no sector da economia
deve enquadrar-se num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade
humana integral, uma liberdade responsável cujo centro é ético e religioso”. Bento
XVI citou a este propósito mais uma passagem da “Centesimus Annus”: “Assim como
a pessoa humana se realiza plenamente no livre dom de si, assim também a propriedade
justifica-se moralmente criando, nos devidos modos e tempos, ocasiões de trabalho
e de crescimento humano para todos”.