FUNDAÇÃO "CENTESIMUS ANNUS" DISCUTE REGRAS E VALORES PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
E SOLIDÁRIO
Roma, 12 jun (RV) - A Fundação "Centesimus Annus – Pro Pontifice", da Pontifícia
Universidade Gregoriana, esta promovendo, nestes dias, o Simpósio internacional "Valores
e regras para um novo modelo de desenvolvimento". O evento, iniciado com uma missa
celebrada pelo assistente internacional da Fundação, o arcebispo Claudio Maria Celli,
reúne em Roma numerosos economistas que se interrogam – à luz da Doutrina Social da
Igreja – sobre a atual conjuntura econômica e financeira.
Amanhã, sábado, o
Cardeal Attilio Nicora celebrará, na Gruta de Lourdes dos jardins vaticanos, uma missa
para os membros da Fundação. Em seguida, terá lugar uma audiência com o Santo Padre.
Para
uma reflexão sobre o tema do simpósio, a Rádio Vaticano entrevistou o presidente do
Comitê científico da Fundação Centesimus Annus, o economista Albert Quadrio Curzio.
Eis o que disse:
Albert Quadrio Curzio:- "Consideramos que os valores
expressos pelo ensinamento social católico são substancialmente três. Eles oferecem
uma orientação ideal: os valores da solidariedade criativa; os valores da subsidiariedade
como expressão da democracia participativa, mas também representativa, e, portanto,
o papel das comunidades dos sujeitos intermédios; por fim, o papel da economia – também
este importante, mas não mais que os outros."
P. João Paulo II e Bento XVI
disseram várias vezes que "a economia precisa de uma alma, de um fundamento ético".
Num período de crise no mundo econômico, qual é a sensibilidade que existe atualmente
a essa exigência evocada no passado pelo Papa Wojtyla, e hoje pelo Papa Ratzinger?
Albert
Quadrio Curzio:- "Creio que exista uma sensibilidade, embora muitas vezes seja
necessário fazer com que essa sensibilidade se manifeste. É preciso fazer de modo
que as pessoas que têm essa sensibilidade tenham orgulho disso. Infelizmente, nos
anos passados, houve uma forte desvalorização da ética do trabalho, do apreço à criatividade
no trabalho como capacidade dos seres humanos de expressar a sua consciência participativa.
Espero que esta crise, certamente muito grave e também muito dolorosa, faça emergir
e tornar explícita, em todos aqueles que sentem esses valores, a importância não somente
de senti-los, mas também de afirmá-los."
P. Karol Wojtyla chamava a atenção
para a necessidade de "globalizar a solidariedade", e hoje, num tempo de crise, Bento
XVI convida a um estilo de vida mais sóbrio. Solidariedade e sobriedade podem ser
as palavras-chaves para um novo desenvolvimento?
Albert Quadrio Curzio:-
"Podem ser, porém, é preciso considerar que o mundo está mudando com o crescimento
de países no passado em via de desenvolvimento, mas hoje fortalecidos como a China
e a Índia. Portanto, é preciso levar em consideração o emergir de problemas de natureza
ecológica e não somente. Além disso, é necessário que também a colaboração internacional
se intensifique no diálogo." (RL)