2009-06-10 18:31:52

TRINTA ANOS ATRÁS, O MEMORÁVEL RETORNO DE KAROL WOJTYLA À SUA PÁTRIA COMO SUCESSOR DE PEDRO


Cidade do Vaticano, 10 jun (RV) - Durante oito dias, de 2 a 10 de junho de 1979, a Polônia viveu um momento inesquecível. Os milhões de católicos que viviam no país oprimidos pelo regime comunista de então receberam a visita de um compatriota que – após durante anos ter enfrentado com firmeza as arbitrariedades do totalitarismo – voltava agora à sua pátria com a veste branca de Pastor universal da Igreja.

Passados trinta anos, permanecem indeléveis na memória aquela primeira viagem de João Paulo II à sua pátria e o seu "Não tenham medo" que mudou para sempre a história do bloco do Leste Europeu.

O diretor de programas da Rádio Vaticano, o jesuíta polonês Pe. Andrzej Koprowski, recorda os sentimentos e os efeitos daquela viagem apostólica:

Pe. Andrzej Koprowski:- "A primeira peregrinação de João Paulo II na Polônia teve um significado especial. Não foi apenas um retorno do papa polonês à sua pátria, mas uma viagem apostólica do Sucessor de Pedro para além da Cortina de ferro, a um país do bloco soviético. Foi uma ocasião para compreender melhor aquilo que era específico do pontificado, o modo de ver juntos a mensagem teológica inserida na realidade cultural e social das pessoas e da sociedade civil."

P. Quais foram os temas que o jovem papa polonês abordou naquele seu primeiro e memorável retorno à pátria como Sucessor de Pedro?

Pe. Andrzej Koprowski:- "Durante a primeira viagem à Polônia João Paulo II abordou todos os fundamentos teológicos como base não só da vida pessoal, mas também comunitária, social, cultural, para organizar a vida pública, econômica e política. A visita se realizou num clima extraordinário, mas também repleto de tensões políticas, sobretudo durante os encontros com o mundo do trabalho em Jasna Góra e em Nowa Huta. "O cristianismo e a Igreja – disse o Papa Wojtyla – não têm medo do mundo do trabalho, não têm medo do sistema baseado no trabalho. O papa não tem medo dos homens do trabalho." Através da própria experiência de trabalho, ouso dizer – continua Pe. Koprowski – que o papa aprendeu novamente o Evangelho. Deu-se conta e estava convencido de quão profundamente o problema contemporâneo do trabalho humano está presente no Evangelho. E tinha a convicção de que sem o Evangelho é impossível resolvê-lo."

P. As recordações daquela viagem fazem sempre lembrar as reações de preocupação dos líderes comunistas de Varsóvia diante daquele filho da Polônia que se tornara chefe universal da Igreja...

Pe. Andrzej Koprowski:- "O regime, o governo e os chefes do partido tiveram medo da viagem. Temiam que a visita do papa provocasse manifestações e desordens. Na realidade foram dias repletos de alegria e de serenidade. Pela primeira vez, depois de décadas, o povo – fiel e não-fiel – se encontrou junto, em comunhão e livre. Redescobriu a sua dignidade. Não foi algo contra o regime. Simplesmente, o regime desapareceu da perspectiva. Como a sujeira do pára-brisa de um veículo tirada pelo seu limpador."

P. A visita de João Paulo II à Polônia produziu a primeira centelha daquela profunda mudança que caracterizou todo o Leste Europeu nos dez anos seguintes. Como o senhor avalia aquele fenômeno?

Pe. Andrzej Koprowski:- "De fato, o processo de amadurecimento não disse respeito somente à Polônia. O renascimento da Igreja nos diversos países do Leste Europeu, as mudanças de mentalidade e de situação política que levaram à queda do Muro de Berlim, o processo de alargamento da União Européia com todas as suas dificuldades e fraquezas – das quais tivemos uma clara expressão nestes dias com a escassa participação dos eleitores nas eleições – caracterizam as etapas de um caminho que tem as suas raízes naquela viagem pastoral." (RL)







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