SIMPÓSIO CNBB: ENCHENTES NO NORTE E NORDESTE FORAM PREVISTAS
Brasília, 09 jun (RV) - Segundo dia do Simpósio Internacional "Mudanças Climáticas
e Justiça Social", inaugurado ontem, em Brasília. O evento é organizado pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Misereor, entidade católica alemã.
Para discutir os impactos das mudanças climáticas sobre as populações mais
vulneráveis, a organização está reunindo, durante três dias, 200 pessoas, entre cientistas,
representantes de movimentos e pastorais sociais e vítimas de fenômenos provocados
pelas mudanças climáticas.
Ontem, o professor do Departamento de Ciências Atmosféricas,
da Universidade de São Paulo (USP), Tércio Ambrizzi, destacou os principais pontos
que afetam a sociedade e o meio ambiente.
"O aquecimento está por toda parte.
Não há um país que não sinta essa mudança hoje. As temperaturas já não são as mesmas,
os furacões começam a chegar ao Brasil, o nível do mar sobe, tudo isso em decorrência
do aquecimento global" – analisou Tércio, acrescentando que se esses dados continuarem
a se expandir, o Brasil vai assumir uma nova identidade, com impactos diretos sobre
a agricultura, e mais presença de secas e inundações nos próximos anos.
Tércio
Ambrizzi advertiu para a importância da ligação que deve existir entre Governo, meios
de comunicação e ciência, para evitar catástrofes no país e no mundo: "Os desastres
que aconteceram no norte e nordeste já haviam sido identificados pelos centros de
meteorologia. Foi divulgado que havia grandes chances de cair um volume de chuvas
muito alto e nada foi feito. Esperou-se que caísse e ocorresse o que todos nós já
sabemos."
Nesta terça-feira, a programação prevê debates sobre políticas governamentais
no contexto das mudanças climáticas e suas conseqüências para uma sociedade justa
e solidária; políticas florestal, agrária e energética do Governo brasileiro. Participam,
entre outros, representantes de comunidades quilombolas e de movimentos sociais.
À
tarde, os participantes se reúnem em grupos de trabalho para discutir sobre alternativas
energéticas, práticas agroecológicas, políticas de florestas, transporte urbano, saneamento
básico e manejo de resíduos sólidos, práticas na organização do trabalho, produção
e troca, ações políticas: democratização e Estado de Direito, políticas internacionais:
posição política do Brasil, estratégias dos movimentos sociais e entidades. (BF)