Lima, 06 jun (RV) - O Governo peruano confirmou que onze policiais e três índios
morreram nesta sexta-feira, durante confrontos, numa estrada da Amazônia peruana.
O conflito se desencadeou quando agentes usaram a força para retirar alguns índios
que bloqueavam a estrada, em sinal de protesto contra uma série de decretos legislativos.
Dos
onze policiais assassinados, cinco foram vítimas de emboscadas e assassinados com
lanças, quatro caíram durante o desbloqueio da estrada, e dois foram mortos em outros
enfrentamentos,
Pelo menos 2.500 indígenas ocupavam a estrada desde a semana
passada, e cerca de 450 policiais foram enviados para resolver a questão. O bloqueio
fazia parte de uma série de protestos indígenas contra medidas do Governo consideradas
lesivas aos nativos e ao meio ambiente.
O presidente da Conferência Episcopal
Peruana, Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, arcebispo de Trujillo, lamentou o ocorrido.
Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte:- "Como presidente da Conferência
Episcopal Peruana e a pedido da Defensoria do Povo, lamentamos profundamente as mortes
violentas que vêm ocorrendo no estado do Amazonas, nas cidades de Bagua Chica e Bagua
Grande, que ocasionaram a morte de civis e policiais, e deixaram vários feridos. A
vida é um valor supremo, e em qualquer circunstância deve ser protegida e privilegiada,
tanto a vida daqueles que fazem parte de nossas comunidades nativas − historicamente
esquecidas − como as daqueles que, no cumprimento de seus deveres constitucionais,
buscam o restabelecimento da ordem. Fazemos um premente apelo à serenidade e pedimos
que cessem, imediatamente, os enfrentamentos entre compatriotas. É urgente que se
atenda sem distinção às pessoas feridas, que correm risco de vida, e que se restabeleça
o canal de diálogo, que não deveria ter sido interrompido, e que deve ser utilizado
como única via para resolver pacificamente os conflitos. Conscientes do nosso dever
de proteger a vida e os direitos fundamentais das pessoas, exortamos as autoridades
e os líderes a optarem pelo diálogo e pela paz, e nos colocamos à disposição do país,
para colaborar no que for possível, a fim de restituir a tranqüilidade às populações
atingidas e a toda a nação. Este é um apelo urgente pelo fim da violência. Estamos
nos destruindo entre peruanos, e isso não pode acontecer. Devemos sempre optar pela
via do diálogo, pela vida e pela paz." (CM)